segunda-feira, 22 de março de 2010

64 - Anatomia de um jipe!

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O chassis já foi tratado. Monta-se a carroceria.

Moi, ao lado do Rui pintor.

Uma vista da mecânica.

Caixas de velocidade e de transferência.

Em chassis.

O Rui dá mais uma pistolada na caixa da roda.

Parcialmente protegido com papel e plástico durante alguns trabalhos de pintura.

A zona dos pedais, limpa como um laboratório.

À esquerda, o Rui pintor. À direita, o António bate-chapas.


Ei-lo, o único, o verdadeiro, o inigualável “salta-pocinhas”. Comprei-o novo na firma Adelino Morais das Neves, representante da British Leyland em Leiria, em Fevereiro de 1982. Fez agora 28 anos, é um jovem portanto. Na altura, não podia sequer adivinhar que a moda dos jipaços estava para chegar, pelo que me considero um pioneiro na utilização deste tipo de viaturas para fins particulares. Já então, o apelo da viagem-aventura, a evasão através de espaços sem limite nem fronteiras, chegar onde nem todos podiam, eram a marca de cada dia da minha existência. Ainda me recordo de como estive próximo do êxtase ao contemplar as imagens da brochura promocional que li e reli vezes sem conta antes de me decidir pela aquisição. Eram fotografias espectaculares obtidas em condições muito favoráveis de luminosidade natural e enquadramentos paisagísticos de sonho. Numas, podia ver-se aquela bela máquina em fatigue de trabalho (toldo de lona) ou traje de gala (capota fixa com janelinhas no tejadilho), perseguindo manadas de zebras ou gnus e outros bicharocos de maior ou menor porte, deixando atrás de si um rasto de pó na estepe africana. Noutras, deslizava suavemente sobre as dunas de um qualquer deserto num indolente e melancólico fim de tarde, ou trepava um cume íngreme e gelado, tudo imagens de fazer arrepiar de emoção. E de facto, esta velha máquina nunca defraudou as expectativas que nela depositei. Posso dizer que fez e continua a fazer parte da minha vida e da vida da minha família. No meu Land Rover, série III de 109 polegadas, uma das últimas unidades produzidas em todo o mundo, fiz algumas das viagens mais excitantes de que me recordo. Aprendi a rolar sobre leitos de pedra ou lama, atravessei oceanos de areia e cursos de água a dar pelo para brisas. Algumas vezes, para que os meus acompanhantes não corressem riscos desnecessários, fazia-os apear antes de atacar os pontos mais perigosos, recuperando-os à frente. Noutras ocasiões, todos partilhávamos do frenesim da intrepidez (estupidez?) natural que se apodera de nós quando a adrenalina começa a picar. Nessas ocasiões, no meio do tal silêncio ensurdecedor, a expressão que mais se ouvia dentro do habitáculo era “ó pai, tu és louco!”. E às vezes era. Mas o meu Land Rover não foi apenas objecto de diversão, foi também um carro de trabalho. Transportou lenhas, electrodomésticos, materiais de construção, peças de mobiliário … rebocou o Zodiac e a caravana Pyc, levou os filhos à escola e até a garotada da vizinhança se habituou ao sinal da partida quando fazia soar as buzinas a ar tipo “peixeiro”. Apareciam em magotes para apanhar boleia para mais um dia de aulas, causando a admiração dos passantes quando à porta da escola, o caudal de miúdos a saltar da viatura parecia não cessar. Depois, como o local de trabalho não era longe da escola, os meus putos tinham sempre um lugar para se recolherem durante um furo no horário, passar os olhos pela matéria uma última vez antes do teste ou fazer uma retemperadora sestinha! Foi tal a afeição que passaram a dedicar ao seu velho jipe que, passados muitos anos, quando lhes comuniquei o meu desejo de o trocar por um novo, desencadeei uma crise de pranto generalizado que só cessou com a promessa de que o velhinho ficaria na família para sempre. E a provar que o que se promete é para cumprir, estão as fotos acima, que mostram a minha relíquia após ter sido completamente desmantelada, encontrando-se actualmente em fase de pintura e montagem. A mecânica foi melhorada com a instalação de uma “over drive”, peça caríssima (1500 euros) que chegou em mão desde o fabricante em Vancouver, no Canadá, um acessório da caixa de velocidades que serve para desmultiplicar as dez que traz instaladas de origem. E “prontos”, aqui tendes a história resumida de uma geringonça que muito prazer e até alguns momentos de felicidade trouxe ao seu dono e familiares. E há-de continuar na mesma senda por mais um par de anos, agora com novos protagonistas das suas aventuras, os meus netos. Está a vestir-se …
Beijos e abraços do,
Juan_jovi@sapo.pt

sábado, 13 de março de 2010

63- Parabéns!

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A Mariana com cara de poucos amigos ao colo da tia Isabel.

No laranjal ao pé da porta ...

... e de pé sobre o parapeito da janela.

Aqui, com os pais.

Ontem, 12 de Março, a minha neta Mariana completou o seu primeiro ano de vida. Foi um ano de algum sofrimento para a pequenina e de uma grande angústia para família, porque a Mariana nasceu com uma enfermidade que não sendo muito rara – doença de Hirschprung – implica tratamento cirúrgico “pesado”. Foi submetida a cinco intervenções tendo a 5ª, que será também a última, assim o esperamos, ocorrido há cerca de um mês no Hospital D. Estefânia em Lisboa, sob orientação do Dr. Casela, a quem estamos todos muito gratos assim como aos outros elementos da equipe, sem esquecer o pessoal de enfermagem e assistentes operacionais.
A Mariana está bem, é uma criança normal e feliz e comporta-se como todos os petizes da sua idade. Hoje, por ser sábado, podemos reunir a família e fazer-lhe uma pequena festa de aniversário durante a qual foram colhidas as fotografias acima apresentadas.
Aproveito para anunciar que tenho mais três netas a caminho! Uma deverá nascer em Junho, a segunda em Agosto e a terceira desta revoada lá para Setembro/Outubro.
vitor_junqueira@sapo.pt

quarta-feira, 3 de março de 2010

62 - Pensando bem ...


… nem sei o que pensar!

Não há muito tempo, a profissão de jornalista ocupava entre nós um dos lugares cimeiros no ranking das profissões mais prestigiadas. Depois, alguma água correu debaixo das pontes e uma espécie de vento ruim começou a varrer as redacções. Hoje em dia é o que se sabe, e ainda mais o que não se sabe. Leitores, radiouvintes e telespectadores andam confusos, só têm uma certeza, a de que alguém lhes quer enfiar o barrete. E para isso passou a valer tudo, interferências daqui, pressões dacolá, diz que disse e achismo (eu acho que …) generalizado. Da meia verdade à omissão completa da verdade, passando pelo cobardolas “alegadamente”, de tudo tenho dado conta na minha bovina pacatez. Noto que a par de alguns génios, raros, na arte da entrevista, campeia a impreparação, uma boçalidade atrevida e mal-educada em que uns janotas de microfone em riste ou mais modernamente, telemóvel activado, maltratam os entrevistados, a língua portuguesa e quanto aos números nem fazem ideia daquilo que representam. Atiram a matar, como pequenos gladiadores do circo em que se tornou a sua profissão, talvez na esperança de que algum imperador dos mídia repare neles e, quem sabe, lhes conceda a graça que é ter um mísero salário garantido ao fim do mês em vez da famigerada remuneração a “recibo verde”. Este tipo de (des)informação, já foi suficientemente adjectivado tendo recebido, entre outros, os seguintes epítetos:
- Jornalistas (ou jornalismo) de buraco de fechadura,
- Calhandrices,
- Mexericos,
- Alcoviteiro,
- Coscuvilhice,
- Travestido,
- Criminoso,
- Caça ao homem, etc., etc.
Os nossos queridos políticos, primeiros responsáveis pelo lamaçal onde desprecavidamente ou talvez não se atolou comunicação social doméstica, resolveram criar uma comissão (pat)ética destinada a apurar quem foram os culpados pelo status quo actual. Dos trabalhos, alguns excertos chegaram até nós, o bastante para pôr em causa a seriedade e o propósito do que lá se passa. Temos visto e ouvido de tudo. Fico-me no entanto por alguns episódios ou alegações que prenderam a minha atenção de uma forma particular. Destas, a mais frequente, é o eu acho … e também acho … e daí concluo que !!! Saindo da boca de jornalistas de investigação, isto não é de partir a moca a rir?
- Deplorável, assim foi classificado pelos seus pares o “espectáculo” que o injustiçado Mário Crespo deu quando foi inquirido pela supracitada comissão,
- O Sócrates (parece que andou com ele na escola!), até telefonou ao rei de Espanha, afirma convictamente uma gárgula despeitada por lhe terem cortado o pio num jornal televisivo onde, acolitada por uma personagem grotesca tirada dos Marretas, destilava peçonha que dava para matar cascavéis. E aproveita para dar umas dentadas na PJ, na delegada do MP de Setúbal e em tudo o que mexa. Imagino que daqui por algum tempo quando tiver que sentar o cu no mocho para ser responsabilizada pelas cretinices que hoje proferiu, irá gritar aqui del-rei que estão a atentar contra a minha liberdade de expressão!
- Diz outra jornalista investigadora: Querem saber quem são os accionistas? Não percebo qual o vosso interesse, mas tomem lá … e acto contínuo distribui uma rodada de fotocópias a preto e branco com umas carantonhas não se sabe de quem,
- Eram tantas as críticas do sindicato dos jornalistas (do sindicato? Terei ouvido bem?) e da Autoridade Reguladora da qual depende a nossa licença de emissão, que fomos forçados a acabar com o jornal, diz o patrão da TVI.
Ao que nós chegámos! Em nome de quê? Ao serviço de quem? Certamente, não por amor à verdade ou à liberdade de expressão. Néscio sou eu e não acredito nisso!
Aos bons profissionais, que os há e muitos, tiro o meu chapéu. Oxalá consigam fazer escola de modo a que possamos ver no vosso trabalho a garantia de que convosco, o regime democrático está de pedra e cal.
Post scriptum: Não tenho nenhum partido nem quero que mos partam e, de canhoto, não tenho nada.
juan_jovi@sapo.pt