… nem sei o que pensar!
Não há muito tempo, a profissão de jornalista ocupava entre nós um dos lugares cimeiros no ranking das profissões mais prestigiadas. Depois, alguma água correu debaixo das pontes e uma espécie de vento ruim começou a varrer as redacções. Hoje em dia é o que se sabe, e ainda mais o que não se sabe. Leitores, radiouvintes e telespectadores andam confusos, só têm uma certeza, a de que alguém lhes quer enfiar o barrete. E para isso passou a valer tudo, interferências daqui, pressões dacolá, diz que disse e achismo (eu acho que …) generalizado. Da meia verdade à omissão completa da verdade, passando pelo cobardolas “alegadamente”, de tudo tenho dado conta na minha bovina pacatez. Noto que a par de alguns génios, raros, na arte da entrevista, campeia a impreparação, uma boçalidade atrevida e mal-educada em que uns janotas de microfone em riste ou mais modernamente, telemóvel activado, maltratam os entrevistados, a língua portuguesa e quanto aos números nem fazem ideia daquilo que representam. Atiram a matar, como pequenos gladiadores do circo em que se tornou a sua profissão, talvez na esperança de que algum imperador dos mídia repare neles e, quem sabe, lhes conceda a graça que é ter um mísero salário garantido ao fim do mês em vez da famigerada remuneração a “recibo verde”. Este tipo de (des)informação, já foi suficientemente adjectivado tendo recebido, entre outros, os seguintes epítetos:
- Jornalistas (ou jornalismo) de buraco de fechadura,
- Calhandrices,
- Mexericos,
- Alcoviteiro,
- Coscuvilhice,
- Travestido,
- Criminoso,
- Caça ao homem, etc., etc.
Os nossos queridos políticos, primeiros responsáveis pelo lamaçal onde desprecavidamente ou talvez não se atolou comunicação social doméstica, resolveram criar uma comissão (pat)ética destinada a apurar quem foram os culpados pelo status quo actual. Dos trabalhos, alguns excertos chegaram até nós, o bastante para pôr em causa a seriedade e o propósito do que lá se passa. Temos visto e ouvido de tudo. Fico-me no entanto por alguns episódios ou alegações que prenderam a minha atenção de uma forma particular. Destas, a mais frequente, é o eu acho … e também acho … e daí concluo que !!! Saindo da boca de jornalistas de investigação, isto não é de partir a moca a rir?
- Deplorável, assim foi classificado pelos seus pares o “espectáculo” que o injustiçado Mário Crespo deu quando foi inquirido pela supracitada comissão,
- O Sócrates (parece que andou com ele na escola!), até telefonou ao rei de Espanha, afirma convictamente uma gárgula despeitada por lhe terem cortado o pio num jornal televisivo onde, acolitada por uma personagem grotesca tirada dos Marretas, destilava peçonha que dava para matar cascavéis. E aproveita para dar umas dentadas na PJ, na delegada do MP de Setúbal e em tudo o que mexa. Imagino que daqui por algum tempo quando tiver que sentar o cu no mocho para ser responsabilizada pelas cretinices que hoje proferiu, irá gritar aqui del-rei que estão a atentar contra a minha liberdade de expressão!
- Diz outra jornalista investigadora: Querem saber quem são os accionistas? Não percebo qual o vosso interesse, mas tomem lá … e acto contínuo distribui uma rodada de fotocópias a preto e branco com umas carantonhas não se sabe de quem,
- Eram tantas as críticas do sindicato dos jornalistas (do sindicato? Terei ouvido bem?) e da Autoridade Reguladora da qual depende a nossa licença de emissão, que fomos forçados a acabar com o jornal, diz o patrão da TVI.
Ao que nós chegámos! Em nome de quê? Ao serviço de quem? Certamente, não por amor à verdade ou à liberdade de expressão. Néscio sou eu e não acredito nisso!
Aos bons profissionais, que os há e muitos, tiro o meu chapéu. Oxalá consigam fazer escola de modo a que possamos ver no vosso trabalho a garantia de que convosco, o regime democrático está de pedra e cal.
Post scriptum: Não tenho nenhum partido nem quero que mos partam e, de canhoto, não tenho nada.
juan_jovi@sapo.pt
juan_jovi@sapo.pt
Meu Caro
ResponderEliminarFica-me a visão de um pingo de chuva no meio de um imenso lago, embora muito positiva a tua reflexão.
As ondas de choque, além de fraquinhas, quase não se vão ver ou sentir.
Mas, já é uma gotinha!
Que venha uma grande bátega de água e teremos ondas visíveis.
É sempre por uma gota que começa uma grande tormenta.
O que nos falta, nem sequer é formação profissional que é o que se vê (maioritariamente negativa) e bem referes, mas a falta de FORMAÇÃO MORAL para se ser VERTICAL.
Ora isso, Amigo, é que nos faz falta para ainda podermos , um dia, acreditar novamente.
Santos Oliveira