No passado sábado dia 24 de Abril, Isabel, a minha filhota mais nova, casou! Casamento de igreja, com vestido de noiva e madrinha tal como manda a tradição, seguido de copo de água para os familiares e amigos mais chegados. O evento trouxe-me ocupado nas últimas semanas, mais do ponto de vista psicológico do que pelos grandes afazeres que de facto não tive. Dos meus quatro descendentes, a Isabel era a solteira da família, constantemente acossada pela avó Encarnação (minha mãe) que lhe dizia “ó filha, legaliza-te, legaliza-te … “. Como pai, não poderia sentir-me mais “inchado”, primeiro porque rejubilo com a felicidade tranquila que leio nos olhos da minha Belocas, depois, porque este casamento é uma espécie de dois em um, já que além de ter ganho mais um genro, por sinal um gajo porreiro, na encomenda vem também o meu neto André, com chegada prevista lá para o mês de Setembro. Será o primeiro “homem” no meio de um enxame de primas que não deixarão de o examinar meticulosamente a ver se está tudo nos conformes.
E assim cheguei ao fim de mais um ciclo dos vários em que se desdobrou a minha vida pessoal, profissional e familiar. Outro começou há já algum tempo e vai ficando cada vez mais claro, aquele que implica um certo apagamento da minha identidade pessoal em detrimento de um reforço da identidade por afinidade. Pois tenho notado que com o passar dos anos, deixei em larga medida de ser “fulano de tal”, para passar a ser conhecido como o pai de … e de …, e agora também o avô da Inês, da Carolina da Joana, da Mariana etc. E do André, daqui por dois anitos, quando for levá-lo ou buscá-lo à sua escolinha.
É uma transição serena que se faz com muito gosto e grandes projectos! Já me imagino a conduzir um mini-autocarro com a cambada toda na maior desbunda, seja na loucura das viagens “à moda do avô” ou simplesmente a caminho da praia com pic-nic, gato e cão a bordo, e aqui o velhadas a prometer porrada a torto e a direito numa tentativa, sempre frustrada, de manter a ordem. Assim aconteceu com os pais!
Este é também um momento excelente para fazer um balanço da vida vivida. Valeu a pena, estou de medida cheia e tudo graças este investimento fabuloso chamado família, que me faz sentir milionário entre os milionários, Deus no céu e eu na terra!
E aqui vai a minha profissão de fé: Creio na família à moda antiga, creio no amor e na solidariedade entre os seus membros, creio na criançada de hoje que há-de conduzir o destino do mundo no futuro e acredito que envelhecer tranquilamente na companhia dos amigos até chegar a hora da “passagem”, é o melhor destino que podia estar reservado para qualquer ser humano.
Ah, mesmo a terminar queria deixar bem expresso o meu orgulho por ter agora a meu lado uma “força de combate” especial, constituída pelo filho e três genros. É que se a coisa algum dia ficar preta, aquelas que eu haveria de apanhar sozinho ... distribuídas pelos cinco … até já me sinto aliviado!
Até ao próximo post, saudações do,
juan_jovi@sapo.pt
terça-feira, 27 de abril de 2010
66 - O fim de um ciclo.
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A Isabel e o Vasco à porta da matriz de Pombal no dia do seu casamento (24/04/2010).segunda-feira, 12 de abril de 2010
65 - Do Algarve, com amizade e muito sol.
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Caminho em terra batida, ciclável, que da minha casa (caravana) conduz ao canal da Fuseta.
Caminho em terra batida, ciclável, que da minha casa (caravana) conduz ao canal da Fuseta.
Ao fundo, a lota, vendo-se também várias embarcações da pesca artesanal.
Dois galeirões tomando banhos de sol na margem do canal. Por aqui a vida selvagem é muito diversificada principalmente quanto a aves.
Outra vista da Fuseta, tomada do lado de sotavento do canal.
Ria Formosa. Embarcações dos pescadores da "Cidade sem Lei"
Ria. Ao fundo o cordão arenoso da ilha de Armona.
O antigo posto da Guarda Fiscal da "Cidade". Um ex-líbris hoje transformado em local de lazer.
Vereda que faz a ligação entre a EN 125 e a Cidade. Ao fundo, um pequeno largo e a Ria.
O arvoredo pertence ao Camping da Fuseta.
A Fuseta vista da minha caravana ...
Uma "casa" na pradaria!
E para terminar este magnífico pôr do sol sobre as salinas aqui ao lado.
Uma história de insucesso!
Numa época em que eu nem sequer sabia onde ficava o Algarve, passou na simpática vila da Fuseta, a mesma onde a ti’Anica terá deixado a barra da saia preta, um western chamado “Cidade sem Lei”. O filme foi projectado ao ar livre como era usual na época, tendo por écran um lençol mais ou menos resguardado sob um toldo de pano. A assistência era numerosa e distinta, para além dos filhos da Fuseta compareceram em peso os habitantes de uma localidade vizinha, a Arroteia de baixo, a quem os fusetenses chamavam “montanheiros”, talvez por os acharem menos civilizados. Grandes apreciadores do cinema de acção onde houvesse abundante distribuição de murro, tiro e facada, os montanheiros não tardariam, ainda durante a exibição do filme, a assumir comportamentos inspirados por aqueles machos barbudos que de revólver em punho fulminavam os adversários à velocidade do relâmpago. Tudo se agravou quando às tantas caiu um pé de água tocada a vento que levou pelos ares fora, toldo, écran, câmara de projecção e restantes atafais da arte. O banzé foi tal que, ainda hoje, no reino de Portugal e dos Algarves, d’aquém e d’além mar, o pitoresco lugar de Arroteia de baixo, localizado na margem da Ria Formosa, freguesia da Luz de Tavira, a escassas centenas de metros da EN 125, é conhecido como a “Cidade sem Lei” ou simplesmente “a cidade”.
Há cerca de trinta anos, tomei uma decisão radical. Desse por onde desse, iria ser rico!
Uma história de insucesso!
Numa época em que eu nem sequer sabia onde ficava o Algarve, passou na simpática vila da Fuseta, a mesma onde a ti’Anica terá deixado a barra da saia preta, um western chamado “Cidade sem Lei”. O filme foi projectado ao ar livre como era usual na época, tendo por écran um lençol mais ou menos resguardado sob um toldo de pano. A assistência era numerosa e distinta, para além dos filhos da Fuseta compareceram em peso os habitantes de uma localidade vizinha, a Arroteia de baixo, a quem os fusetenses chamavam “montanheiros”, talvez por os acharem menos civilizados. Grandes apreciadores do cinema de acção onde houvesse abundante distribuição de murro, tiro e facada, os montanheiros não tardariam, ainda durante a exibição do filme, a assumir comportamentos inspirados por aqueles machos barbudos que de revólver em punho fulminavam os adversários à velocidade do relâmpago. Tudo se agravou quando às tantas caiu um pé de água tocada a vento que levou pelos ares fora, toldo, écran, câmara de projecção e restantes atafais da arte. O banzé foi tal que, ainda hoje, no reino de Portugal e dos Algarves, d’aquém e d’além mar, o pitoresco lugar de Arroteia de baixo, localizado na margem da Ria Formosa, freguesia da Luz de Tavira, a escassas centenas de metros da EN 125, é conhecido como a “Cidade sem Lei” ou simplesmente “a cidade”.
Há cerca de trinta anos, tomei uma decisão radical. Desse por onde desse, iria ser rico!
Na altura, o que estava a dar era o negócio da construção civil pelo que decidi tornar-me “promotor imobiliário”. Entusiasmo vários níveis acima do q.b. tanto mais que naquela belíssima manhã de um 5 de Outubro, um auspicioso arco íris parecia emoldurar o meu horizonte para onde quer que me virasse, aí venho eu direito ao Algarve, livro de chéques no bolso e vontade férrea de me lançar no mundo dos negócios.
Comecei por S. Vicente e, palmo a palmo, fui batendo a costa algarvia à procura do recanto mais idílico que pudesse existir nesta região. Encontrei-o ao fim da tarde, paredes meias com a Ria, situado a uns cinquenta metros de um imenso lençol de água azul turquesa, na novíssima urbanização Vila Bragança. Tranquilo, ao mesmo tempo belo e selvagem, onde nem sequer cheirava a turista, este pedaço de paraíso, perdido numa terra que já era mais de beefs e de bosches do que de indígenas, era o milagre que eu procurava. Obtive informações e no dia seguinte, de regresso a casa, passei pelo escritório do promotor que na altura residia em Almada, acabando por adquirir nada mais, nada menos do que três lotes de terreno para construção, pela astronómica (para o meu gabarito!) soma de seis milhões seiscentos e cinquenta mil escudos!
Infelizmente, ganhar muito dinheiro em pouco tempo, não era o desígnio que a divina providência me tinha reservado. E para isso chamou a minha atenção da forma mais radical. Uma semana depois, na data acordada para a escritura e quando já me encontrava no escritório notarial, recebi a trágica notícia de que o vendedor havia falecido. Assim, sem mais nem menos, nem prenúncio de doença oculta ou conhecida, o jovem de quarenta anos come uma barrigada de castanhas regadas a tinto de boa cepa, pois tinha condições para isso, sente-se mal e vai parar ao hospital de S. José onde se finou sem um pio. O imbróglio que daí resultou é simplesmente inenarrável. O homem tinha um sócio (sociedade irregular), deixou viúva e filhos menores. Até deslindar o que pertencia a cada um dos sócios, à viúva e aos putos, a justiça andou pelas calendas. E eu, sem escritura da aquisição dos lotes, não podendo por isso construir ou vender … desanimava, atribuindo o meu infortúnio ao mau olhado dos invejosos! Com o tempo, tudo acabou por se resolver.
Conformado com o facto de que afinal iria ser pobre para sempre já que a minha prometedora carreira de pato bravo foi tão efémera que terminou antes de começar, descoroçoado com a montanha das formalidades legais, acabaria por instalar uma caravana num dos lotes, o que me permite gozar, assim como á família, deste pedacinho de paraíso privado, aqui, num sítio a que chamam a Cidade., de onde envio abraços para todos os meus amigos e visitantes.
Juan_jovi@sapo.pt
Comecei por S. Vicente e, palmo a palmo, fui batendo a costa algarvia à procura do recanto mais idílico que pudesse existir nesta região. Encontrei-o ao fim da tarde, paredes meias com a Ria, situado a uns cinquenta metros de um imenso lençol de água azul turquesa, na novíssima urbanização Vila Bragança. Tranquilo, ao mesmo tempo belo e selvagem, onde nem sequer cheirava a turista, este pedaço de paraíso, perdido numa terra que já era mais de beefs e de bosches do que de indígenas, era o milagre que eu procurava. Obtive informações e no dia seguinte, de regresso a casa, passei pelo escritório do promotor que na altura residia em Almada, acabando por adquirir nada mais, nada menos do que três lotes de terreno para construção, pela astronómica (para o meu gabarito!) soma de seis milhões seiscentos e cinquenta mil escudos!
Infelizmente, ganhar muito dinheiro em pouco tempo, não era o desígnio que a divina providência me tinha reservado. E para isso chamou a minha atenção da forma mais radical. Uma semana depois, na data acordada para a escritura e quando já me encontrava no escritório notarial, recebi a trágica notícia de que o vendedor havia falecido. Assim, sem mais nem menos, nem prenúncio de doença oculta ou conhecida, o jovem de quarenta anos come uma barrigada de castanhas regadas a tinto de boa cepa, pois tinha condições para isso, sente-se mal e vai parar ao hospital de S. José onde se finou sem um pio. O imbróglio que daí resultou é simplesmente inenarrável. O homem tinha um sócio (sociedade irregular), deixou viúva e filhos menores. Até deslindar o que pertencia a cada um dos sócios, à viúva e aos putos, a justiça andou pelas calendas. E eu, sem escritura da aquisição dos lotes, não podendo por isso construir ou vender … desanimava, atribuindo o meu infortúnio ao mau olhado dos invejosos! Com o tempo, tudo acabou por se resolver.
Conformado com o facto de que afinal iria ser pobre para sempre já que a minha prometedora carreira de pato bravo foi tão efémera que terminou antes de começar, descoroçoado com a montanha das formalidades legais, acabaria por instalar uma caravana num dos lotes, o que me permite gozar, assim como á família, deste pedacinho de paraíso privado, aqui, num sítio a que chamam a Cidade., de onde envio abraços para todos os meus amigos e visitantes.
Juan_jovi@sapo.pt
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