segunda-feira, 31 de maio de 2010

69 - Na estrada, com os automóveis antigos.

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Dístico do passeio, afixado sobre o capôt das viaturas.

Primeira paragem: Pedra do Altar, já no concelho de Castelo Branco.

Sob a árvore que faz lembrar a de Guernica, á entrada de Sortelha.

Torre do castelo de Sortelha.

Sortelha e o seu Pelourinho.

Restaurante "Robalo", no Sabugal.

Degustando um excelente cabrito grelhado no "Robalo".

Florin e Olívia, o casal de romenos responsáveis pelo excelente serviço do restaurante.
Numa breve paragem à sombra das muralhas do castelo do Sabugal.

Entrada do santuáro de Nª Sª de Sacaparte.

Capela no interior do santuário.

Pormenor da capela.

Estação de Vilar Formoso.

Abastecendo em Fuentes de Oñoro. Sempre é mais barato ... mas não tanto quanto se diz!

Na rota das aldeias históricas.
Primeiro dia,de Pombal até Almeida.

Cumpriu-se na passada quarta feira dia 26 de Maio o primeiro troço de mais um passeio que os “Amigos dos Carros Antigos” de Pombal realizam com alguma regularidade, buscando neles e acima de tudo, a mais pura e alegre camaradagem assim como o enriquecimento pessoal que sempre resulta do facto de em cada tour, se conhecerem novas terras e gentes. Desta vez apontámos como destino final para o primeiro dia do passeio, a belíssima vila de Almeida que muitos já conheciam, mas cuja revisita nunca cansa!
O local escolhido para a concentração foi o parque de estacionamento do restaurante Manjar do Marquês, uma das nossas melhores salas de visita, onde os retardatários do costume não chegariam antes das 08h15. Alinharam à partida 12 viaturas e um total de vinte e seis magníficos e magníficas. Depois de um curto briefing, fizemo-nos à estrada tomando o IC8 que de Pombal nos conduziu, sempre a abrir, até ao entroncamento com a A23. Não sem antes fazermos uma pausa na Pedra do Altar para arrefecimento de motores e aquecimento de espíritos, com o primeiro cafezinho da manhã. Para trás ficaram localidades merecedoras de visita como Figueiró dos Vinhos, Sertã ou Proença-a-Nova que, por fazerem parte do nosso roteiro habitual, haverão de contar connosco em próxima oportunidade.
Já na A23, prego a fundo e fé em Deus, as máquinas mostraram o quanto ainda estão para as curvas e num ápice levaram-nos até ao ponto em que passámos das corridas à marcha descontraída rumo a Sortelha, a primeira das aldeias históricas a ser visitada. Por ser um dia útil ou por escassez de algo de que muito se tem falado ultimamente (!), o nosso grupo não encontrou outros visitantes pelo que, calmamente e sem tropeções, saboreamos o passeio, caminhando através das estreitas vielas da aldeia ou sobre a muralha do seu castelo. A paisagem que daqui se avista é vasta e deslumbrante, podendo os nossos olhos nus chegar facilmente até aos contrafortes da serra maior, a da Estrela. O ar puro e a calma voluptuosa que a todos envolve abriram-nos o apetite para o almoço previamente combinado para as 13h30 no restaurante Robalo do Sabugal. Mas peixe não puxa carroça e se o robalo é muito apreciado – o cherne ainda é melhor, lembram-se? -, passar por esta região sem experimentar o cabrito há-de ser, certamente, delito grave contra qualquer coisa! Atirámo-nos a ele, à unha e com dentes, muito, grelhado, acompanhado com excelente pão e uma saladita a disfarçar. Quanto a águas nada posso dizer porque sendo adorador de um Deus abstémio … mas diziam ao meu lado que a pinga era boa. E tão boa devia ser que, depois da refeição, as pernas fraquejavam e o corpo só pedia uma sesta e assim, a visita à cidade e seu castelo já foi um pouco penosa, conteve laivos de punição pelos exageros da mesa. Terminada a visita voltámos aos automóveis saindo em direcção à vila de Alfaiates, terra de contrabandistas e outra gente boa de quem guardo gratas recordações que vêm do tempo da minha juventude, quando a partir daqui, alcançava terras de Espanha com passaporte de lapin! Alfaiates, por ser pequena e distante, não deixa de merecer uma visita com olhos e ouvidos bem atentos por duas ordens principais de razão. Sendo a primeira aquela que tem a ver com a natureza dos seus habitantes, gente franca, desconfiada à partida mas logo acolhedora e amiga da galhofa como pudemos comprovar num breve convívio. Depois, pelo seu património construído que engloba uma aldeia raiana típica, as igrejas matriz e da misericórdia, castelo, cruzeiro e na proximidade (2Km), o mosteiro erigido em honra de Nª Sª de Sacaparte, onde os monjes da ordem de S. Camilo de Lellis se dedicavam a apoiar doentes e peregrinos. Trinta quilómetros à frente e estávamos na outrora cosmopolita e movimentadíssima Vilar Formoso, hoje uma sombra do que foi até à abolição de fronteiras, a lembrar as cidades fantasma do oeste mineiro da América. Já não se vêem, como antigamente, as longas filas de camiões a aguardar pelas formalidades aduaneiras nem emigrantes ou turistas ansiosos por entrar em território nacional ou partir à descoberta da Europa. Extinguiram-se os escritórios dos despachantes, as casas de câmbio estão vazias e as bombas de combustível às moscas. O panorama é tão sombrio que até me faz ter saudades do tempo em que com o maior à-vontade fintava a guardia civil e fiscal com os meus pecadilhos de então!
Por esta hora o cansaço já pesava. Na pousada de Almeida, outrora da Enatur e agora Hotel Parador, aguardava-nos o quarto reservado onde uma banhoca sumária nos remeteu à forma para apreciar o jantar servido pelas 20h30 nas suas instalações. Depois … não houve veleidades para mais, apenas cama e bons sonhos porque o dia seguinte se afigurava duro!
juan_jovi@sapo.pt

sábado, 15 de maio de 2010

68 - Eyjafjallajökull, o caga-lume islandês.

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Esta escultura faz lembrar S. Jorge a lutar com o dragão, mas não sei ao certo o que representa. Encontra-se à frente da fachada principal da acolhedora gare ferroviária de Salamanca.
Apesar dos contratempos, tanto a Isabel como o Vasco sorriem e até parecem felizes. Será porque me viram?

Observação da Isabel (única): Quanto mais viajo e conheço outros países, mais gosto do nosso querido Portugal!

Bem, o Benfica é campeão e festejou condignamente a conquista do título, o Papa já abalou e o governo decretou assim como quem não quer a coisa, mais um apertão no cinto dos indígenas. Não fora o vulcão da Islândia, que continua a botar cá para fora toneladas de metralha, e eu nem teria banalidade sobre que me debruçar (sou um cultor de banalidades!), para proveito e alimento do Kurt. Porém, este (vulcão de) Eylafijallajökull veio salvar a minha produção literária desta semana. Em primeiro lugar, porque com um filhadaputa de um nome destes, qualquer mortal se sentirá atraído pelo fenómeno do vulcanismo, e vai daí, com interesse e muita força de Internet, quiçá consiga responder à profundíssima questão de saber se nos primórdios, quando Deus ainda era pequenino, alguém o deixou brincar com fósforos. Ainda não cheguei lá, mas já sei que em islandês, Eyja significa ilha, fjalla é uma montanha e jökull, um glaciar. Temos assim que esta fogueirita divina se localiza numa ilha onde existe uma montanha coberta por um glaciar. O resto, toda a gente sabe, pois os noticiaristas deste mundo têm enchido o papo a relatar os transtornos causados aos Ícaros do nosso tempo pelas nuvens de poeira que tomaram conta das auto-estradas do céu por onde habitualmente se deslocam os aviões. Uma simples peidoca do Criador e milhões de seres humanos ficam em transe, os que se amontoam nos aeroportos afectados e tudo quanto é hotelaria em redor, e a respectiva parentela no local de destino dos mesmos. E assim me foi dada também a oportunidade de descrever sumariamente uma viajem relâmpago, completamente inesperada, a que tive de me sujeitar. Num post recente, falei-vos do matrimónio da minha filha mais nova, a Isabel, com um homem de nome Vasco. Ela e este seu primeiro marido, tiveram a sua festa de casamento no passado dia 24 de Abril. Tem-se vindo a impor a tradição que obriga os noivos a fazerem uma viagem de lua de mel, de preferência ao estrangeiro e a um destino tão exótico quanto o permitam a bolsa e o número de dias concedidos para esse efeito, pela lei ou pelo boss, nem sempre concordantes. Estes meus entes queridos não são nenhuns benzetas, mas também não ficam atrás de muitos da sua geração, tanto mais que ambos trabalham e muito, garantindo o próprio sustento e dos meus netos que aí vêm. De avião viajaram do Porto para Barcelona e passearam-se entre as Ramblas, a casa do Miró e a Sagrada Família durante uns três dias após o que embarcaram num belíssimo cruzeiro pelo Mediterrâneo que durou mais uma semanita. Tiveram sempre bom tempo, a bordo e no exterior (excursões), mesa farta e muita animação. Como diz o adágio, não há mal que sempre dure nem bem que não acabe. Ou vice-versa. Chegou então o momento de voltar a pôr, literalmente, os pés em terra e voltar à rotina dos penitentes. Porém, o tal Eyjafjallajökull estendeu o seu braço e com dedos do tamanho do vento, cobriu os céus de Barcelona, Porto e depois Lisboa também. Mais três dias na capital da Catalunha que aproveitaram para descobrir muito do que havia ficado para trás, até que … o regresso era mesmo imperioso. Viveram então as 24 mais duras de todo o passeio, porventura de todos os passeios que fizeram na vida. Dos escritórios de rent-a-car para os das companhias aéreas, destes para os aeroportos de Girona e Barcelonana, daqui para as estações da Renfe e centrais rodoviárias … pode-se dizer que percorreram a via sacra dos viajantes num só dia. Para completar a cena é preciso dizer que se deixaram assaltar por um mãozinhas de veludo no aeroporto de Barcelona, o pobre diabo, na mochilita de que se apropriou não terá encontrado nada mais do que um lanche e um velho telemóvel! Para cúmulo dos azares, um dos cartões Multibanco de que os pombinhos se faziam acompanhar apareceu bloqueado, não se sabe bem porquê, o que lhes limitava o montante do saque diário.
Aqui entrei eu em acção e, frente ao computador, fui orientando os seus passos a partir das 18 horas. Encaminhei-os para um transporte rodoviário que os trouxe até Madrid onde chegaram pela uma da madrugada da passada 2ª feira, tendo pernoitado num quatro estrelas de Chamartin. Dormiram até tarde e às 11 horas da manhã de segunda feira tomaram na estação de Chamartin um comboio tipo Alfa que os trouxe até Salamanca onde chegaram pelas 12h49, hora de Portugal. A aguardá-los estava aqui o Juan. Mastigámos um quebab num bistrot da estação e juntos fizemos a viagem de regresso a casa, onde chegamos sãos e salvos muito antes da hora de jantar. A viagem até Salamanca, cruzando terras e paisagens da Beira interior (IC8, A25) num dia que se apresentou radioso, foi um encanto para os olhos e para a alma. O regresso fez-se pela A5 e A1 e não teve história. Eu é que já não estava habituado a estes caldos e, após quase oito horas de condução, fiquei com um derreaço nas cruzes que ainda não me deixa endireitar!
Saudações cordiais do,
juan-jovi@sapo.pt

quarta-feira, 5 de maio de 2010

67 - Passeio anual de Carros Antigos.

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Do lado direito da mesa: Em primeiro plano, a "cabeça" do comandante Carvalho e a seguir, o "magrinho" de camisa azul. Do lado esquerdo, o PSP Carvalho, presidente do "Quatro As"e o Juan. No topo podemos ver o Arlindo, industrial de calçado, repousando a cabeça na mão e a seu lado, de bigode, o professor Coelho.


Na magnífica “sala de reuniões” que é o restaurante Manjar do Marquês nesta cidade de Pombal, encontraram-se na passada 6ª feira os elementos da comissão organizadora do próximo passeio anual dos “Quatro As” (Associação dos Amigos dos Automóveis Antigos).
Depois dos pasteis de bacalhau, chamussas, joaquinzinhos em molho de escabeche e outras especialidades da casa que nos foram servidas como entradas, vieram umas belas postas de bacalhau dourado na sertã, os filetes de pescada e os panados de porco acompanhados pelo com o “internacionalmente” reconhecido arroz de tomate à moda do Marquês, as migas e o feijão frade. Libações, variadas e a gosto.
Recompostas as almas e os corpos (porque a barriga não tem culpa nenhuma de os negócios andarem a correr bem …), passou-se à análise de uma espécie de ordem de serviço (!), meticulosamente elaborada pelo João Isidoro, proprietário da auto-lavagem Palomas de Pombal e, por isso mesmo, também conhecido entre os amigos como o João Palomas, mas também “fininho”, “minhoca “ ou “rato do deserto”. Depois de várias tentativas falhadas para se fazer ouvir no meio daquele vasqueiral de boa disposição, o João lá conseguiu tomar a palavra para dizer que o passeio se realizaria nos próximos dias 26 e 27 de Maio, com saída de Pombal pelas 08h00 de 26/5 em direcção a Sortelha (Sabugal) iniciando a partir desta, um percurso pela chamada Rota das Aldeias Históricas. Ficou em suspenso uma paragem prévia em Belmonte que pela sua beleza e património bem merece uma visita, no meu entender e de outros participantes. A pernoita vai ser em Almeida, cujas muralhas de elevado interesse histórico e arquitectónico visitaremos tendo como guia um filho da terra, nosso prezado amigo e colega, Dr. Henrique Vilhena. A noite vai ser de arromba, tanto mais que se perspectiva uma “saltadinha“ a Espanha, ali tão perto e com tantos “motivos de interesse”, se me faço entender!
O dia seguinte será dedicado em parte à recuperação da noitada e o restante talvez nos permita um passeio pela região de Castelo Rodrigo, cuja gastronomia ensaiaremos com o espírito e o rigor de bons gourmands que nos consideramos.
O regresso processar-se-á a partir do meio da tarde porque as Donas Elviras são senhoras de respeito e não gostam de andar nas ruas pela noite fora. Viajaremos em pequenas colunas de três ou quatro viaturas ficando a condução do carro vassoura, uma ambulância Mercedes branca dos anos cinquenta, com sirene e tudo, a cargo do comandante Carlos Carvalho. Cuja participação está em dúvida dado que o “magrinho” cortou, atou e botou no saco, escolhendo as datas que mais lhe convinham, o que lhe valeu uma forte mas amigável crítica por parte do comandante!
Entretanto, e dado que o Inverno foi longo, as velhas máquinas vão agora sair das garagens, pois os dias de sol que se adivinham são propícios para limpar as teias de aranha dos escapes, aquecer e afinar motores. Assim, teremos um prólogo já no domingo dia 9/5 com um passeio por Terras da Sicó e almoço de reencontro e convívio na vila de Ansião. Oportunamente darei mais notícias.
Saudações do,
Juan_jovi@sapo.pt