sábado, 15 de maio de 2010

68 - Eyjafjallajökull, o caga-lume islandês.

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Esta escultura faz lembrar S. Jorge a lutar com o dragão, mas não sei ao certo o que representa. Encontra-se à frente da fachada principal da acolhedora gare ferroviária de Salamanca.
Apesar dos contratempos, tanto a Isabel como o Vasco sorriem e até parecem felizes. Será porque me viram?

Observação da Isabel (única): Quanto mais viajo e conheço outros países, mais gosto do nosso querido Portugal!

Bem, o Benfica é campeão e festejou condignamente a conquista do título, o Papa já abalou e o governo decretou assim como quem não quer a coisa, mais um apertão no cinto dos indígenas. Não fora o vulcão da Islândia, que continua a botar cá para fora toneladas de metralha, e eu nem teria banalidade sobre que me debruçar (sou um cultor de banalidades!), para proveito e alimento do Kurt. Porém, este (vulcão de) Eylafijallajökull veio salvar a minha produção literária desta semana. Em primeiro lugar, porque com um filhadaputa de um nome destes, qualquer mortal se sentirá atraído pelo fenómeno do vulcanismo, e vai daí, com interesse e muita força de Internet, quiçá consiga responder à profundíssima questão de saber se nos primórdios, quando Deus ainda era pequenino, alguém o deixou brincar com fósforos. Ainda não cheguei lá, mas já sei que em islandês, Eyja significa ilha, fjalla é uma montanha e jökull, um glaciar. Temos assim que esta fogueirita divina se localiza numa ilha onde existe uma montanha coberta por um glaciar. O resto, toda a gente sabe, pois os noticiaristas deste mundo têm enchido o papo a relatar os transtornos causados aos Ícaros do nosso tempo pelas nuvens de poeira que tomaram conta das auto-estradas do céu por onde habitualmente se deslocam os aviões. Uma simples peidoca do Criador e milhões de seres humanos ficam em transe, os que se amontoam nos aeroportos afectados e tudo quanto é hotelaria em redor, e a respectiva parentela no local de destino dos mesmos. E assim me foi dada também a oportunidade de descrever sumariamente uma viajem relâmpago, completamente inesperada, a que tive de me sujeitar. Num post recente, falei-vos do matrimónio da minha filha mais nova, a Isabel, com um homem de nome Vasco. Ela e este seu primeiro marido, tiveram a sua festa de casamento no passado dia 24 de Abril. Tem-se vindo a impor a tradição que obriga os noivos a fazerem uma viagem de lua de mel, de preferência ao estrangeiro e a um destino tão exótico quanto o permitam a bolsa e o número de dias concedidos para esse efeito, pela lei ou pelo boss, nem sempre concordantes. Estes meus entes queridos não são nenhuns benzetas, mas também não ficam atrás de muitos da sua geração, tanto mais que ambos trabalham e muito, garantindo o próprio sustento e dos meus netos que aí vêm. De avião viajaram do Porto para Barcelona e passearam-se entre as Ramblas, a casa do Miró e a Sagrada Família durante uns três dias após o que embarcaram num belíssimo cruzeiro pelo Mediterrâneo que durou mais uma semanita. Tiveram sempre bom tempo, a bordo e no exterior (excursões), mesa farta e muita animação. Como diz o adágio, não há mal que sempre dure nem bem que não acabe. Ou vice-versa. Chegou então o momento de voltar a pôr, literalmente, os pés em terra e voltar à rotina dos penitentes. Porém, o tal Eyjafjallajökull estendeu o seu braço e com dedos do tamanho do vento, cobriu os céus de Barcelona, Porto e depois Lisboa também. Mais três dias na capital da Catalunha que aproveitaram para descobrir muito do que havia ficado para trás, até que … o regresso era mesmo imperioso. Viveram então as 24 mais duras de todo o passeio, porventura de todos os passeios que fizeram na vida. Dos escritórios de rent-a-car para os das companhias aéreas, destes para os aeroportos de Girona e Barcelonana, daqui para as estações da Renfe e centrais rodoviárias … pode-se dizer que percorreram a via sacra dos viajantes num só dia. Para completar a cena é preciso dizer que se deixaram assaltar por um mãozinhas de veludo no aeroporto de Barcelona, o pobre diabo, na mochilita de que se apropriou não terá encontrado nada mais do que um lanche e um velho telemóvel! Para cúmulo dos azares, um dos cartões Multibanco de que os pombinhos se faziam acompanhar apareceu bloqueado, não se sabe bem porquê, o que lhes limitava o montante do saque diário.
Aqui entrei eu em acção e, frente ao computador, fui orientando os seus passos a partir das 18 horas. Encaminhei-os para um transporte rodoviário que os trouxe até Madrid onde chegaram pela uma da madrugada da passada 2ª feira, tendo pernoitado num quatro estrelas de Chamartin. Dormiram até tarde e às 11 horas da manhã de segunda feira tomaram na estação de Chamartin um comboio tipo Alfa que os trouxe até Salamanca onde chegaram pelas 12h49, hora de Portugal. A aguardá-los estava aqui o Juan. Mastigámos um quebab num bistrot da estação e juntos fizemos a viagem de regresso a casa, onde chegamos sãos e salvos muito antes da hora de jantar. A viagem até Salamanca, cruzando terras e paisagens da Beira interior (IC8, A25) num dia que se apresentou radioso, foi um encanto para os olhos e para a alma. O regresso fez-se pela A5 e A1 e não teve história. Eu é que já não estava habituado a estes caldos e, após quase oito horas de condução, fiquei com um derreaço nas cruzes que ainda não me deixa endireitar!
Saudações cordiais do,
juan-jovi@sapo.pt

1 comentário:

  1. Eyjafjallajökull ou o meio de complicar a vida. Também se passou por cá algo semelhante, só que pelo inverso.
    Para além das preocupações da não apresentação ao trabalho e ás aulas, aumentou a alegria de ver alongada, por mais uma semana, a presença da filha, genro e netos.
    Até se tornou bom!

    Ah! As minhas cruzes também se queixaram um tanto, mas foi por uma boa causa.

    Abraços, do
    Santos Oliveira

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