Rio de Onor. Rua que segue para a castelhana Rihonor situada a uma centena de metros.
Em Rio de Onor. Espanha para a esquerda, Guadramil para a dtª. O Luís ...
... o Juan, em Rio de Onor.
Miranda do Douro.
Sábado, 29 de Maio. Com pouca vontade, temos que regressar à base (Pombal). As boas férias são assim, quando terminam o pessoal está de rastos. Depois, até a rotina do casa-trabalho, trabalho –casa sabe bem.
Entrámos no quarto dia de folguedo intenso que por certo deixará marcas. E saudades! Despedimo-nos de Miranda com uma visita ao seu cais fluvial de onde partem e chegam os afortunados turistas que a bordo de um bateau mouche (espanhol), passeiam nas águas tranquilas da albufeira desfrutando de uma panorâmica única, onde o Douro corre entre arribas e penhascos de causar vertigem. Infelizmente para nós, a próxima saída marcada para as 11h30 não nos permitiria concluir o programa estabelecido para este dia, parco em visitas mas com muitos quilómetros pela frente. Tomámos por isso a EN218 em direcção a Vimioso de onde partimos após curta paragem em direcção a Bragança. São apenas oitenta e tal kms mas dado o traçado da estrada seria prudente contar com uma boa hora de viagem para chegar à capital transmontana a uma hora decente para almoçar. Chegou a ser considerada outra opção que consistia em tomar a direcção de Zamora , ali mesmo ao lado, e chegar lá acima através da carretera 122. No final, acabou por imperar na decisão o interesse pelo pitoresco da paisagem do lado de cá. Ainda não eram 14h00 quando abancámos no restaurante “O Abel”, nos subúrbios da cidade. Ementa: Borrego grelhado, costeleta de novilho ou posta. Tudo na brasa e até se lhe chegar com o dedo! Realmente por estes lados come-se muito bem, com qualidade e a preços à medida da bolsa dos indígenas.
Neste ínterim, Bragança ficou para trás, mas por uma boa razão quero acreditar. Ainda que tenha que reconhecer que sendo a decisão minha, causei um grande desgosto à Maria da Luz, a única que pelos vistos não conhecia a cidade. Mas quando o soube, era tarde de mais. A explicação é a seguinte:
Saindo do “Abel” em direcção à cidade, teríamos percorrido algumas centenas de metros quando encontrámos o desvio para Rio de Onor, esta aldeia mítica, irmã de Rihonor de Castilha, do outro lado da fronteira. Em pleno Parque natural de Montesinho, até parece que os últimos quinhentos anos não passaram por uma meia dúzia de aldeias que teimosamente continuam a resistir ao “progresso”. A política local é decidida pelos locais, a comunidade une-se para partilhar tarefas maioritariamente ligadas ao cultivo da terra e criação de gado, os limites das propriedades ignoram os marcos que traçam o risco da fronteira e até as famílias mistas, de portugueses e espanhóis, são a norma. A ruralidade do lugar está bem evidenciada nas construções onde impera o quinal de xisto e a lage nas coberturas. A bosta de vaca dispersa sobre o empedrado da rua principal e o cheiro a feno fresco, recordam-nos a cada passo que aqui domina a harmonia entre o homem e a natureza. Juntamente com Aveleda, Varge, Guadramil e Montesinho na vizinhança, estas aldeias devem ser the last frontier de um paraíso perdido que a maioria dos portugueses já não conhece nem reconhece.
Bem perto, Puebla de Sanábria, uma pitoresca localidade espanhola que visito sempre que se apresenta a oportunidade. E pelos vistos, a julgar pelo número de visitantes que por ali se perdem, há muita gente a gostar deste povoado muito parecido com o nosso Piódão com a diferença de que se encontra no alto de uma colina voltada para o rio Requejo Castro. Depois de uma demorada visita a pé por ruas e ruelas que nos permitiu apreciar todos os pormenores de uma reconstrução primorosa incluindo a do seu castelo, nada cairia melhor do que um lanche num dos inúmeros botequins da terra. Repostas as calorias e dado o adiantado da hora, apresentei a tal ideia que tendo merecimento causou pesar à Mª da Luz. Ou seja, em vez de voltarmos a Bragança, percurso demorado e contrário em direcção, ao nosso objectivo, seguiríamos de Puebla para Verin pela autovia A-52 (40 minutos) sendo a distância desta a Chaves de apenas 10 Km! E assim foi, em menos de 1 hora estávamos na capital das termas do norte em cujo balneário os interessados tomaram um medicinal copo de água quente a cheirar a enxofre. Em compensação e no seguimento de um contacto telefónico efectuado durante o percurso, aguardava-nos a mesa de um restaurante típico onde saboreámos (para desenfastiar), uma bela pescada acompanhada de hortaliça e batata cozida, a melhor de Portugal. Mais duas voltas à cidade, não tanto por preocupação com as honras da despedida mas porque devido a um evento musical a decorrer ao ar livre, várias ruas se encontravam interditadas ao trânsito. E eis-nos a caminho de casa, onde chegámos pouco depois da meia noite, com alternância de motoristas e sempre por excelentes vias, rios de vida e progresso, a desmentir críticas daqueles que acham que investir em infra-estruturas no interior do país são um esbanjamento de recursos.
juan_jovi@sapo.pt
Sábado, 29 de Maio. Com pouca vontade, temos que regressar à base (Pombal). As boas férias são assim, quando terminam o pessoal está de rastos. Depois, até a rotina do casa-trabalho, trabalho –casa sabe bem.
Entrámos no quarto dia de folguedo intenso que por certo deixará marcas. E saudades! Despedimo-nos de Miranda com uma visita ao seu cais fluvial de onde partem e chegam os afortunados turistas que a bordo de um bateau mouche (espanhol), passeiam nas águas tranquilas da albufeira desfrutando de uma panorâmica única, onde o Douro corre entre arribas e penhascos de causar vertigem. Infelizmente para nós, a próxima saída marcada para as 11h30 não nos permitiria concluir o programa estabelecido para este dia, parco em visitas mas com muitos quilómetros pela frente. Tomámos por isso a EN218 em direcção a Vimioso de onde partimos após curta paragem em direcção a Bragança. São apenas oitenta e tal kms mas dado o traçado da estrada seria prudente contar com uma boa hora de viagem para chegar à capital transmontana a uma hora decente para almoçar. Chegou a ser considerada outra opção que consistia em tomar a direcção de Zamora , ali mesmo ao lado, e chegar lá acima através da carretera 122. No final, acabou por imperar na decisão o interesse pelo pitoresco da paisagem do lado de cá. Ainda não eram 14h00 quando abancámos no restaurante “O Abel”, nos subúrbios da cidade. Ementa: Borrego grelhado, costeleta de novilho ou posta. Tudo na brasa e até se lhe chegar com o dedo! Realmente por estes lados come-se muito bem, com qualidade e a preços à medida da bolsa dos indígenas.
Neste ínterim, Bragança ficou para trás, mas por uma boa razão quero acreditar. Ainda que tenha que reconhecer que sendo a decisão minha, causei um grande desgosto à Maria da Luz, a única que pelos vistos não conhecia a cidade. Mas quando o soube, era tarde de mais. A explicação é a seguinte:
Saindo do “Abel” em direcção à cidade, teríamos percorrido algumas centenas de metros quando encontrámos o desvio para Rio de Onor, esta aldeia mítica, irmã de Rihonor de Castilha, do outro lado da fronteira. Em pleno Parque natural de Montesinho, até parece que os últimos quinhentos anos não passaram por uma meia dúzia de aldeias que teimosamente continuam a resistir ao “progresso”. A política local é decidida pelos locais, a comunidade une-se para partilhar tarefas maioritariamente ligadas ao cultivo da terra e criação de gado, os limites das propriedades ignoram os marcos que traçam o risco da fronteira e até as famílias mistas, de portugueses e espanhóis, são a norma. A ruralidade do lugar está bem evidenciada nas construções onde impera o quinal de xisto e a lage nas coberturas. A bosta de vaca dispersa sobre o empedrado da rua principal e o cheiro a feno fresco, recordam-nos a cada passo que aqui domina a harmonia entre o homem e a natureza. Juntamente com Aveleda, Varge, Guadramil e Montesinho na vizinhança, estas aldeias devem ser the last frontier de um paraíso perdido que a maioria dos portugueses já não conhece nem reconhece.
Bem perto, Puebla de Sanábria, uma pitoresca localidade espanhola que visito sempre que se apresenta a oportunidade. E pelos vistos, a julgar pelo número de visitantes que por ali se perdem, há muita gente a gostar deste povoado muito parecido com o nosso Piódão com a diferença de que se encontra no alto de uma colina voltada para o rio Requejo Castro. Depois de uma demorada visita a pé por ruas e ruelas que nos permitiu apreciar todos os pormenores de uma reconstrução primorosa incluindo a do seu castelo, nada cairia melhor do que um lanche num dos inúmeros botequins da terra. Repostas as calorias e dado o adiantado da hora, apresentei a tal ideia que tendo merecimento causou pesar à Mª da Luz. Ou seja, em vez de voltarmos a Bragança, percurso demorado e contrário em direcção, ao nosso objectivo, seguiríamos de Puebla para Verin pela autovia A-52 (40 minutos) sendo a distância desta a Chaves de apenas 10 Km! E assim foi, em menos de 1 hora estávamos na capital das termas do norte em cujo balneário os interessados tomaram um medicinal copo de água quente a cheirar a enxofre. Em compensação e no seguimento de um contacto telefónico efectuado durante o percurso, aguardava-nos a mesa de um restaurante típico onde saboreámos (para desenfastiar), uma bela pescada acompanhada de hortaliça e batata cozida, a melhor de Portugal. Mais duas voltas à cidade, não tanto por preocupação com as honras da despedida mas porque devido a um evento musical a decorrer ao ar livre, várias ruas se encontravam interditadas ao trânsito. E eis-nos a caminho de casa, onde chegámos pouco depois da meia noite, com alternância de motoristas e sempre por excelentes vias, rios de vida e progresso, a desmentir críticas daqueles que acham que investir em infra-estruturas no interior do país são um esbanjamento de recursos.
juan_jovi@sapo.pt
Que saudades dessa linda terra, aldeia de Guadramil, terra dos meus avós.
ResponderEliminarAbraços a todos.