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Sei-o através do feedback que me chega, os meus amigos e visitantes ficam algo desiludidos quando veem ao Kurt e não encontram novidades. Acreditem que alimentar este animal dá mais trabalho do que parece! Pois fiquem sabendo que é pensando no enorme respeito a todos devido e sobretudo para corresponder à consideração dispensada que, invariavelmente rebentado no final de cada dia de visitas, no "silêncio" constrangedor dos murmúrios que chegam até ao meu quarto de hotel, impessoal e algo solitário, frente ao computador cheio de manhas ou amuado com o router local me disponho, até altas horas da noite, a teclar um texto que vos dê gosto ler. Aqui vai, então, algum material novo.
Sei-o através do feedback que me chega, os meus amigos e visitantes ficam algo desiludidos quando veem ao Kurt e não encontram novidades. Acreditem que alimentar este animal dá mais trabalho do que parece! Pois fiquem sabendo que é pensando no enorme respeito a todos devido e sobretudo para corresponder à consideração dispensada que, invariavelmente rebentado no final de cada dia de visitas, no "silêncio" constrangedor dos murmúrios que chegam até ao meu quarto de hotel, impessoal e algo solitário, frente ao computador cheio de manhas ou amuado com o router local me disponho, até altas horas da noite, a teclar um texto que vos dê gosto ler. Aqui vai, então, algum material novo.
Estava farto
do frio, da chuva e do verde quase açoriano da nossa da paisagem. Desta prima vera sem vergonha que de
há uns anos a esta parte, nem é nem deixa de ser, concubinada que anda com os
manos Verão e Inverno. Entendi as primeiras olheiradas de sol de Março como sendo o
sinal de partida. Rumei a sul com o intuito não muito firme confesso, mas provável,
de fazer o meu ponto de partida no Cabo de S. Vicente, ligando-o a outro no
sul de Marrocos, talvez Agadir ou por aí assim. Após dois dias de descanso na
Fuseta, meu poto de abrigo desde há décadas, o Senhor mandou tal caldeirada de
água que não tive outro remédio senão regressar a casa, fiel ao lema de que, viajar
é do melhor mas com bom tempo. Interpretei a coisa como aviso dos céus e duas
semanas depois propus-me sair, desta feita pelo norte. De Chaves para Verin e
depois … um destino qualquer da Europa que entretanto começava a sair da
ressaca da invernia. Famalicão, ponto de paragem obrigatória por aí residir a
filhota Isabel com os seus conforme mencionei no post anterior, esta não foi ainda a
terra do adeus à família. Padecendo de recaída de mal antigo, a minha draga
(Land Rover) ficou subitamente incapacitada pelo que tive de trazê-la de volta
a Pombal para a entregar aos cuidados do especialista Fernando Carvalho que não
há maneira de dar com a carraça! Bem, se não pude sair pelo norte nem pelo sul,
vou expatriar-me pelo centro, foi a minha decisão. E foi assim, de mercedes, de Pombal a
Castelo Branco, Escalos de Baixo, Ladoeiro, Zebreira e fronteira de Segura.
Esta fronteira que hoje regista fraquíssimo movimento, teve o seu apogeu
nos anos sessenta aquando da emigração clandestina e em massa para França. Dada a orografia
com as suas barreiras naturais, patrulhá-la era difícil. E assim sendo, os
carneiros como eram chamados em linguagem de passador os candidatos a emigrante com
passaporte de coelho, conseguiam, nem sempre, fazer umas faenas à Guardia
civil, Fiscal e GNR. Apóse Segura temos Piedras Albas, Zarza la Mayor e
Moraleja onde se toma a autovía da Extremadura em direcção a Plasencia, Talavera
de la Reina e Madrid. Próximo desta fronteira existem vários pontos de atravessamento
de e para Espanha, alguns bem conhecidos como Monfortinho, outros outrora muito
utilizados pelas populações locais nem sequer aparecem no mapa. O trajecto que
acabo de efectuar, não sendo comum, oferece algumas vantagens e recomenda-se
porque: É bastante prático para quem reside na zona centro sendo o mais curto em
termos de quilómetros percorridos, permite uma breve visita a belas localidades
da Beira Baixa desconhecidas da maioria dos portugueses, atravessa zonas de paisagem
fabulosa, as estradas são excelentes e nesta altura do ano bordejadas por
arvoredo frondoso e o trânsito é mínimo para não dizer quase nulo. Aqui fica a
sugestão!
Igreja do Ladoeiro.
Ladoeiro. Muitas da vilas e aldeias do nosso interior raiano apresentam esta aspecto de abandono e decadência.
Ladoeiro. Uma porta típica do tempo da judiaria
A Escola, uma preciosidade. Obra do tempo do Estado Novo na localidade da Zebreira
Aproximação a Segura.
Segura, vista do alto do seu castelo.
Uma casa antiga típica dentro da localidade.
O "Castelo" de Segura.
Um residente, na casa dos sessentas, gozava a sombra do lado da fachada norte do castelo sentado num daqueles banquinhos que se vêm na foto. Compenetrado, ar intelectual e de poucas palavras, molhava na saliva a extremidade do indicador com que folheava "A Bola".
- Boa tarde! Desculpe interromper a sua leitura. Gostaria de saber se esta pequena torre é o que resta de algum castelo que aqui existiu?
- Hum ... se existiu não é do meu tempo- Não me lembro de aqui haver castelo algum!
- Mas há placas com a indicação "castelo" que nos encaminham para aqui. Como se explica isso?
- Deve ser porque "isto" fica num alto, respondeu o cicerone.
Um residente, na casa dos sessentas, gozava a sombra do lado da fachada norte do castelo sentado num daqueles banquinhos que se vêm na foto. Compenetrado, ar intelectual e de poucas palavras, molhava na saliva a extremidade do indicador com que folheava "A Bola".
- Boa tarde! Desculpe interromper a sua leitura. Gostaria de saber se esta pequena torre é o que resta de algum castelo que aqui existiu?
- Hum ... se existiu não é do meu tempo- Não me lembro de aqui haver castelo algum!
- Mas há placas com a indicação "castelo" que nos encaminham para aqui. Como se explica isso?
- Deve ser porque "isto" fica num alto, respondeu o cicerone.
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Bonita ponte sobre o rio Erges.
Marco de fronteira e painel indicando que esta vila se encontra dentro do perímetro do parque natural do Tejo internacional.. Nesta altura viam-se pairando nos céus alguns grifos entregues à azáfama de caçar para alimentar os filhotes.
Paisagem dura, agreste e bela ao mesmo tempo-.
Uma bonita mata de chaparros do lado espanhol. De repente, temos solo "desossado", de boa qualidade, sem pedregulhos nem matacões. Ai que os gajos nos enganaram mais uma vez escolhendo a melhor terra para eles!
Zarza la Mayor.
Suaves ondulações da estrada tornam a condução bastante divertida.
Temos a sensação de estar rodeados por montanhas seja qual for o lado para o qual dirigirmos o olhar.
Cumes da Serra da Gata. Vista com zoom, a foto mostra os picos cobertos de neve.
Fortificação de Oropesa.
Bonita ponte sobre o rio Erges.
Marco de fronteira e painel indicando que esta vila se encontra dentro do perímetro do parque natural do Tejo internacional.. Nesta altura viam-se pairando nos céus alguns grifos entregues à azáfama de caçar para alimentar os filhotes.
Paisagem dura, agreste e bela ao mesmo tempo-.
Uma bonita mata de chaparros do lado espanhol. De repente, temos solo "desossado", de boa qualidade, sem pedregulhos nem matacões. Ai que os gajos nos enganaram mais uma vez escolhendo a melhor terra para eles!
Zarza la Mayor.
Suaves ondulações da estrada tornam a condução bastante divertida.
Temos a sensação de estar rodeados por montanhas seja qual for o lado para o qual dirigirmos o olhar.
Fortificação de Oropesa.
Mais um texto extraordinariamente realista que, à semelhança dos anteriores, o torna um verdadeiro retrato escrito de paisagens. Apreciei também a evocação da "carraça", como verdadeiro ícone da metáfora irónica - talvez de outros tempos!
ResponderEliminarUm abraço com votos de boa viagem