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De carteira
perdida mas cabeça fria ...!
Desde há
muito que Madrid faz parte do meu roteiro habitual de passeios, quer como ponto
de escala quer como destino final. Não tenho por isso qualquer desculpa para a
esparrela em que me deixei cair: Acreditei que ao fim da tarde de um dia
útil conseguiria encontrar estacionamento mesmo no centrinho! Esta foi de se lhe
tirar o chapéu, de palmatória ou de cabo de esquadra como se dizia antigamente.
Durante horas circulei no meio do trânsito infernal do centro de Madrid, dei
voltas e mais voltas à procura daquele lugarzinho que a sorte me devia ter
destinado, mas nada! Claro que encontrei inúmeras garagens mas, o preço
(uniforme) era de sessenta e cinco euros e piques para dois dias de
estacionamento. Um assalto à espanhola. Pensar nisso ainda agora me causa uma azia terrível. Será admissível
que a pernoita do pópó fique mais dispendiosa do que um alojamento decente para
um ser humano, ia remoendo entre faroladas e buzinadelas. É possível e até acho bem! Dada a
qualidade e variedade dos transportes públicos de que estes tipos dispõem, só
vem de carro para o cento da cidade quem for tolinho da cabeça. Esta história
acabou bem como vão ver, mas tem uma moral, todas têm. A moral a retirar é
esta: O que não vai em farinha acaba por ir em farelos!
Cansado, todo fdo e cheio de sono, zarpei
para os lados do aeroporto (Barajas) e por ali me instalei, a meia dúzia de Kms
do centrão, com parqueamento grátis! No dia seguinte pela manhã, tendo trabalho
de "reportagem" para efectuar, tomei um autocarro da linha 224 na
paragem situada mesmo ao lado do Nuevo Boston Hotel. O motorista, um
chaval simpatiquíssimo a quem pedi algumas indicações entregou-me o ticket
de dois aéreos e seguimos viagem. Em cera de dez minutos chegávamos à
central rodoviária da empresa Alsa situada na Av. América (faz comutação com a
rede de Metro). Agora adivinhem o que é que me caiu aos pés quando realizei que
a minha carteira contendo documentos, cartões bancários e uns dinheiritos,
tinha seguido viagem. Toda repimpada, na segunda fila por detrás do choffer onde a abandonei a meu lado depois de arrumar o troco. Fiquei passado, nem força tinha nas canetas. O que fazer?
Ainda me encontrava na rodoviária mas, as pessoas (funcionários) a quem me
dirigi não tinham solução para o meu caso, só "talvezes" na melhor
das hipóteses. Podia ir à Polícia e ficar uns dias a aguardar que, num
golpe de sorte. me comunicassem que os documentos tinham aparecido. Podia ir ao
consulado e pedir documentos de substituição para regressar a casa e desta
feita lá se ia o passeio com os ciganos. Poder. podia, mas na verdade sentia-me
completamente impotente, como se amarrado de pés e mãos. Até que uma chavalita
das informações me disse: Olhe, tente falar com o inspector da Alsa, pode ser
que ... Percebi que não era procedimento corrente mas lá consegui encontrar o
homem num cubículo de quatro metros quadrados, sem janelas, rodeado de
telefones, computador, pastas com horários, nomes e escalas de serviço. Acompanhavam-no, silenciosos, dois ou três dos seus homens (motoristas) enquanto
outros chegavam e partiam após monocórdica troca de palavras. De calças
na mão, pedi-lhe ajuda! O senhor José Maria Pablo, este é o seu nome,
revelou-se a potência elevada ao expoente máximo em compreensão, solicitude e
vontade de ajudar um semelhante. Fez dezenas de contactos com base nas informações
que lhe dei, erradas, para cúmulo, porque o meu relógio ainda estava com a hora
de Portugal! Daí sem quaisquer resultados. Em desespero de causa, resolveu
fazer uma chamada geral, haveria centenas de motoristas em serviço naquela
manhã. O tempo corria ligeiro e da minha mente não se afastava o pensamento: Quantos
passageiros já se terão sentado no lugar que eu próprio ocupei, até que ponto
vai a honestidade do próximo? Certo é que, no momento em que contactava com o
Banco para proceder ao cancelamento dos cartões, o senhor José Maria de polegar
esticado para cima e sorriso rasgado me diz: Cancele o cancelamento, dentro de
meia hora a sua carteira estará na sua mão! E assim foi. Tinham chegado ao fim
cerca de três horas de pura angústia. O senhor Pablo sentiu-se recompensado por
ter podido ajudar um portuga atrapalhado e recusou qualquer tipo de alvíssaras
tanto para si como para o seu motorista. Nem para una copa aceitou. Eu, senti-me incrivelmente feliz como se tivesse acordado de um pesadelo. Finalmente com dinheiro na mão
pude ir almoçar. Antes, fui agradecer à pequena das informações pela sugestão
que me deu. Ao senhor José Maria Pablo entreguei um papelito com o meu endereço
e nº de telefone para o caso de algum dia, nunca se sabe …! À administração da
empresa Alsa vou enviar um mail a contar a história, pedindo um louvor para o
senhor Inspector. À minha consciência envio esta reflexão: Deus é pai e eu sou
o sacana mais sortudo do mundo! Senão reparem: O autocarro em que viajei fazia
o último troço antes de dar entrada na oficina para uma visita de manutenção. Portanto,
mais ninguém havia ocupado aquele lugar!
Antes de
terminar esta matéria quero deixar uma palavrinha à rapaziada do meu tempo, em
particular aos distraídos, aos que andam com a memória a vacilar, aos que se
esquecem de tomar as gotitas pela manhã, a todos aqueles e aquelas que acham
que os seus reflexos já não são o que eram:
- Não entrem
com o vosso carrito nas zonas mais movimentadas das cidades do sul da Europa.
Sobretudo se a co-pilota for uma brasa mais ou menos da vossa idade! Ela vai
certamente chamar a atenção dos outros condutores que, como verdadeiros índios
que são, desatam a buzinar e a passar tangentes de arrepiar. O pior são os
sinais que nos fazem com os dedos, ainda por cima em estrangeiro, coisa
que naturalmente não entendemos!
Mas, se a
casmurrice vos levar a aventurarem-se até ao centro, aqui fica mais uma
sugestão de quem já foi vítima da própria teimosia: Fazei-vos acompanhar de um
pequeno bloco e caneta ou melhor ainda, de um telemóvel com editor de texto e
registem o nome da rua e número de porta ou a “praça” do parque público ou
privado onde “encostaram”. Não tenham acanhamento de bater uma foto das
redondezas. Por outro lado, se a dona prudência vos sugerir que é melhor
utilizar um transporte público, registem igualmente e com a precisão possível o
local ou número da paragem onde o abordaram, o mesmo em relação ao ponto de
destino, a sua duração, o número da linha e do próprio autocarro ou táxi (por
ex. 3117), a sua cor, alguns traços fisionómicos do motorista e as palavras que
trocaram. Parece o guião para um filme policial. É aborrecido? É. Sou chato?
Sou. Mas foi graças a alguns destes cuidados que desde há muito me habituei a
tomar que recuperei a minha carteirita e pude continuar a viagem!
Depois de
contar a minha história, quem tem pachorra de sobra para me ouvir falar
de Madrid? Tranquilizai-vos meu povo que a coisa vai ser abreviada. Como já deixei claro em post anterior, não sou rato de biblioteca nem traça de
museu. O meu tempo já é demasiado curto e por isso mesmo precioso para o
despender entre paredes. Não sou um homem de cultura, ponto final. Com notáveis excepções, acho os
poetas seres "complicados", areia demasiada para a minha carroça assim como não aprecio fado. Sobretudo aquele em
que se canta o episódio em que o Zé Carvalho deu sete facadas no baixo-ventre
de um embuçado chamado timpanas que andava a comer-lhe a patroa que era varina
e também vendia limões, usava umas tranças pretas, bebia uns copos no Bairro Alto,
gostava de touradas e quando se chateava com o home ia passear para a
beira -Tejo a ver passar as fragatas ou os putos a brincar. Invariavelmente era
isto, fd-se! Quanto a poesia e arte, vou pela mãe Natureza. A maior Artista do universo
nunca deixará de nos deslumbrar. Poesia é sentir o brilho do sol pousar sobre a
minha careca, o açoite do vento ou da chuva a bater-me nas trombas. Ouvir reverente o marulhar das ondas, gemido desse útero fantástico onde tudo
começou. Haverá escultor ou pintor cuja obra prima se aproxime sequer do
virtuosismo da Criação, expresso num corpo nu de mulher!?
Pois ao
cuidado dos homens e mulheres de cultura deixo a exploração dos incontáveis e
famosos museus, auditórios, palestras e palestrantes, exposições, bibliotecas,
teatros e cinemas, artes performativas como agora lhes chamam etç, etç.etç.
Para mim
guardo a Festa que é Madrid. Feita na rua até altas horas, pelas pessoas de boa
e má vida e da movida também, do pessoal do botellon, da leve
e da pesada, dos noctívagos e dos que conseguem encarar a luz do sol
logo pela manhã, das famílias, dos velhos e dos novos, dos visitantes como eu.
A festa da Puerta del Sol, da Plaza Mayor, da calle de Alcalá, dos extensos e
bem cuidados parques e jardins como os do Prado, do Retiro, Eduardo Rosales, das
avenidas de lojas elegantes e caras sempre apinhadas de gente. De uma cidade a
transbordar de História, tão dolorosa por vezes.
Aqui deixo
também um hurra à Guardia Civil, omnipresente, prestável, jovem e educada!Uma avenida madrilena na manhã de um dia feriado.
Marquês do Douro ao cimo da calle Maria Molina.
Parque e jardins Eduardo Rosales que se estende até ao Parque do Noroeste ...
... Onde aquelas centenas de bancos são uma bênção para o visitante cansado!
"Arco de Triunfo" madrileno o qual devido à quadriga faz lembrar o das portas de Brandenburgo em Berlim.
Leiam com zoom o que está escrito no "palito"! Estes hermanos têm a mania que são os maiores! Rainha da América ... puf !
Por trás fica o edifício da cooperação hispano-americana.
Ainda volto ao monumento: Se aquilo é um galeão espanhol é porque foi copiado a partir de uma caravela portuguesa. Como sempre fizeram, sem pedir licença nem pagar direitos de autor!
Torre do palacete onde se encontra instalado o Museu da América.
Conjunto interessante: Em primeiro plano, uma chavaleca loira de óculos, em 2º o "Arco do Triunfo" madrileno, em 3º a torre das telecomunicações e em 4º a torre do palacete que serve de sede ao Museu da América.
Um Ovni tenta capturar os cavalos da quadriga!!!
Porta do Sol em fase de pré-aquecimento ...
Porta do Sol: Um espectáculo com música Mariachi.
Edifício da Generalitat madrilena. Uma espécie de Câmara Municipal.
No mesmo local, conjuntos de estátuas vivas a fazerem lembrar as Ramblas de Barcelona.
Aqui os nossos militares conquistaram uma nova recruta.
Olhem para este amante do todo terrena. A mota está a precisar de ir à lavagem!
Idílico.
Uma rua com bastante movimento próximo da Plaza mayor.
Eis a minha "Vaca"!
Plaza Mayor. Ainda está a aquecer ...
Plaza Mayor vista de outro ângulo.
Nesta fachada da plaza Mayor existem umas pinturas muito interessantes que só com zoom se poderão distinguir.
No mesmo local, um brinquedo (Cabra) animado.
Óh Evaristo, tens cá ... Em muitos pontos da cidade existem casas como esta onde se pode comer uma bela sandocha de excelente Jamon + bebida por 1.80 €
Ali perto, o belo mercado de San Miguel.
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