segunda-feira, 9 de maio de 2016

162 - O toque de Silêncio.

A origem do Toque de Silêncio.

Lenda ou factual, esta é uma história ao mesmo tempo triste e bela que merece ser contada.

Se alguém já esteve num funeral militar e ouviu a sua execução, provavelmente deve ter sentido uma sensação de tristeza profunda, aquele nó que não desata da garganta ou até mesmo algumas lágrimas reprimidas que, uma vez por outra, ameaçam irromper. Subitamente acontece esta explosão interna de sentimentos, incapazes de serem retidos ou controlados. Mas, na verdade, o que poucos conhecem é a história desta canção.    
Tudo aconteceu numa noite do ano de 1862 durante a Guerra Civil Americana, quando o país estava dividido entre a "União" a norte e os “Confederados” do Sul. O Capitão do Exército da União, Robert Elly, estava com os seus homens perto de Harrison’s Landing, no Estado da Virginia estando o Exército Confederado próximo a deles, do outro lado do campo de batalha.
Durante aquela noite, o Capitão Elly escutou os gemidos de um soldado ferido. Compadecido e sem saber de quem se tratava, se este era um soldado da União ou da Confederação, ele decidiu arriscar a vida e trazê-lo até o acampamento para receber cuidados médicos. Com muita dificuldade e medo, arrastando-se por entre os disparos e as explosões, o capitão chegou ao homem ferido e começou a arrastá-lo até o seu acampamento. Quando chegou finalmente às suas próprias linhas, descobriu que na realidade era um soldado inimigo confederado. Mas ele já estava morto e não havia mais nada a ser feito.
Sem motivo aparente, o Capitão acendeu a sua lanterna para, mesmo na obscuridade, tentar ver o rosto daquele soldado. De repente, ficou sem fôlego, paralisado. Tratava-se do seu próprio filho que estudava música numa escola do Sul quando a guerra rebentou. Sem dizer nada ao pai, o rapaz havia-se alistado no exército confederado.
Na manhã seguinte, com o coração destroçado, aquele pai pediu permissão aos seus superiores para dar ao filho um enterro com honras militares, apesar de ele ser um soldado inimigo. Perguntou também se poderia contar com os membros da banda de músicos para que tocassem no funeral, o que foi consentido com alguma reserva. Por respeito àquele pai, disseram-lhe que podiam destacar apenas um só músico. O Capitão escolheu então um corneteiro para que ele tocasse uma série de notas musicais que encontrou no bolso do uniforme do filho, nascendo assim a melodia inesquecível que hoje conhecemos como "Taps" e que também possuía uma letra, que era a seguinte:

”O dia terminou, o sol se foi
Dos lagos, das colinas e do céu.
Tudo está bem, descansa protegido,
Deus está próximo.
A luz ténue obscurece a visão.
E uma estrela embeleza o céu, brilhando luminosa.
De longe, aproximando-se,
Cai a noite.
Graças e louvores para os nossos dias
Debaixo do sol, debaixo das estrelas,
Debaixo do céu,
Enquanto caminhamos, isso nós sabemos,
Deus está próximo.”


Ainda hoje, as pessoas sentem ondas de emoção sempre que ouvem o Toque de Silêncio.

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