E esta é, naturalmente, a minha.
Por isso, gostaria de dizer qualquer
coisa sobre o cantado Túnel do Marão em cuja inauguração tomei parte. Mas … nem sei por onde começar, talvez
possa resumir o que neste momento me ocorre nesta frase tão plebeia quanto
eloquente: “mais uma treta boa para embalar babacas".
É verdade que se trata de uma
obra que à nossa parte custou milhões (que pedimos emprestados).
Também é verdade que, segundo os
técnicos, é notável pelas engenharias
envolvidas na sua concepção e construção.
E ninguém duvida que se poupam
alguns minutos, poucos, ao percorrer o trajecto de 26 quilómetros entre
Amarante e Vila Real sobre o qual foi implantado o famoso túnel. Representa
mais comodidade e segurança para os utilizadores e, espera-se, menos
fatalidades em acidentes de viação. Encontro aí a principal justificação para a
realização da obra e acredito ser esse o sentimento de quantos perderam amigos
e familiares no antigo IP 4.
Mas, vamos às discursatas dos inauguradores em que se afirma:
- Agora, no Marão, já não mandam (ou
vão), apenas os que de lá são. Coisa que nunca aconteceu, o país é uno e
dispensa paleio regionalista. Ou esta pérola: O túnel do Marão, "É mais do
que uma obra pública. É um símbolo em primeiro lugar de um tempo que acabou. O
tempo em que havia os de lá e os de cá."
- O litoral deixou de estar de costas para o interior ( … )
- Inaugurar o Túnel do Marão abre
séculos de oportunidades para Trás-os-Montes
!!! Oxalá assim fosse.
- Rasgar o Marão, é rasgar um
ciclo de novas oportunidades ao desenvolvimento e de novas oportunidades à
projeção do país na economia global.
Não há aqui modéstia nenhuma!
- Mas foi o governo que teve essa
ousadia … ! Para quem haviam de ser os elogios?
- O túnel do Marão é a maior obra
de engenharia realizada em Portugal desde a construção da ponte agora designada
25 de Abril. Não há aqui uma ponte, apenas uma pontinha … de exagero!?
- Este é o túnel mais longo
(5.665metros) da península Ibérica, dizem os jornais. Mas uma rápida pesquisa
pela Net informa os interessados em
saber, que em Espanha existem pelo menos dois mais longos, sendo um rodoviário
e o outro ferroviário. Retiro da Wikipédia:
El túnel de Somport es un túnel
carretero internacional situado en el Pirineo central. Une los valles del
Aragón (España) y de Aspe (Francia). Fue construido gracias a un convenio
internacional firmado por España y Francia entre los años 1994 y 2002. Fue inaugurado
el 18 de enero de 2003. Tiene una longitud de 8.608 metros, de los cuales 5.759
metros se encuentran en el lado español y 2.849 metros en el lado francés. Es
el túnel carretero más largo de España.
- Ou, da mesma fonte: “El túnel
del Guadarrama es un túnel ferroviario (formado por dos tubos paralelos, uno
para cada sentido de la circulación) de 28 km de longitud. Es el más largo
construido en España, el sexto más largo de Europa y el noveno de todo el mundo
a fecha de 2016. Iniciado a finales del año 2002, su entrada en servicio tuvo
lugar el 22 de diciembre de 2007.
Com jornais e jornalistas destes,
só falta dizer que o “Europeu” já está no papo e nem é preciso ir aos treinos!
E, no
meio de padres e santas, ei-los que se acotovelavam para ouvir, dar crédito e
sobretudo difundir este tipo de propaganda malcheirosa. Muito ao jeito de
personagens de má memória diante das quais, o povo atento, venerando e
obrigado, devia prostrar-se sempre que da boca lhes saía um traque. Entrevistas
e foguetório palavroso são pura bajulação e bojardas do quilate das que acima
registei fazem-me lembrar o SNI do tempo do Botas. Acho triste, mas é o que
temos. E merecemos?
Do terraço da minha casa onde
vivo há mais de 40 anos, avisto 3 autoestradas: A 1, A 8, A 13 e A 17. Devo ser
ceguinho, porque além da facilidade acrescida com que os indígenas “fugiram”
para Lisboa, Porto ou Coimbra, ainda não detectei nem séculos nem decénios de
oportunidades para a região. Pelo contrário, exceptuando o caso da A 1, é
um dó percorrer qualquer uma das outras, quase sempre às moscas, onde se podem
fazer dezenas de quilómetros sem cruzar com outro veículo. Quando no dia a dia,
todos sentimos o transtorno que nos causa o tráfego de mercadorias através das
EN’s e camarárias, única escapatória ao pagamento de taxas de portagem
obscenas. A somar ao igualmente obsceno ISPP.
Mas, da minha ida a Trás-os-Montes
sempre resultou algo de positivo que aqui partilho com os meus amigos e seguidores.
De sexta feira para sábado, 7 de Maio, pernoitei em Amarante. Revisitei esta
bela cidade onde já não ia havia anos. Fiquei encantado e hei-de voltar, como
certamente alguns das muitas dezenas de turistas que encontrei deambulando
pelas ruas mais pitorescas. Casam bem a parte antiga com a Amarante moderna, e
no meio, garboso, o rio Tâmega. Amarante, linda, acolhedora e com história qb,
oferece-nos quase a cada esquina a sua gastronomia, onde sobressai a famosa
doçaria conventual ou, umas deliciosas fatias de porco no espeto servidas
naquela Tasca à beira rio.
O que eu não sabia, era que a
manhã de sábado 7 de Maio estava inteiramente destinada às cerimónias oficiais
da inauguração, ao atravessamento do túnel por peões, ciclistas e automóveis
antigos. Seria necessário aguardar pela
meia noite (00h00 de domingo), para que o túnel entrasse oficialmente em
funcionamento. Porém, a essa hora já eu dormia na paz dos justos em Vila Real.
Na manhã de domingo, com muito mau tempo, ainda dei uma volta pela cidade, bati umas quantas fotografias de péssima
qualidade e, pelas 11h00, fiz-me à estrada. Percorri o túnel, agora no sentido
inverso àquele que tinha planeado e num ápice cheguei a Amarante. Tomei a
belíssima EN 108 que me conduziu até Peso da Régua, depois por auto-estrada
passei por Lamego e cheguei a Viseu. Daqui a Coimbra segui pelo IP 3 (percurso
muito chato!) e em seguida, pela A 1 entrei em Pombal a horas de almoço. No
total gastei um pouco mais de duas horas, prova irrefutável de que o nosso país está cada vez mais pequeno!
Deixo aqui algumas fotos:
Igreja de Telões, uma freguesia de Amarante.
O meu local de pernoita em Telões. Situa-se a cerca de 2,5 Km do centro da cidade.
Amarante, Igreja de S. Pedro em restauro.
Miradouro.
Amarante, rua comercial quase deserta a um sábado de manhã.
Igreja de S. Gonçalo.
Claustros de S. Gonçalo.
Teto de uma nave dos claustros.
Ponte de Amarante sobre o rio Tâmega.
Frontispício da igreja de S. Gonçalo.
Ponte.
O belo rio Tâmega.
Rua comercial com alguns turistas.
ponte vista do lado oposto à Igreja de S. Gonçalo.
Restaurante típico.
Onde se prepara e serve o porco no espeto.
Rua comercial.
Lindo recanto. Esplanada debruçada sobre o rio.
Museu municipal Souza Cardoso.
Feira semanal.
Na feira. Flores para transplantar.
Estátua de Teixeira de Pascoaes. Em fundo, museu municipal Amadeu Souza Cardoso.
Dois amarantinos que dispensam apresentações.
Vila Real. Pousada do Marão.
Vila Real. Ao fundo, edifício do tribunal.
Estátua de Carvalho Araújo.
Vila Real, um pátio da cidade.
Igreja de S. Dinis.
Idem.
Antigo Governo Civil. Hoje, instalações da Psp.
Vila Real moderna.
V. Real.
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