sexta-feira, 28 de agosto de 2009

9 - Fazer Turismo ou Viajar?

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Arqº pessoal: Berlin - Torre das telecomunicações e jardins circundantes.

Arqº pessoal: Berlin - Uma vista da cidade a partir do alto da torre das telecomunicações.

Arqº pessoal: História do nazismo em exposição sobre o que resta do muro de Berlin.

Alô, Banda de Ipanema – aquele abraço.
Meu caminho pelo Mundo – eu mesmo traço.
Gilberto Gil, 1969

No post anterior foram representados a traços gerais alguns dos escolhos com que se pode deparar o viajante por conta própria. Outro item muito importante tem a ver com os orçamentos. Enquanto o turista sabe à partida quanto é que lhe vai custar o “pacote” completo mais os extras, já o viajante vai ter de trabalhar dentro de limites mais amplos, dado que o imprevisto é um elemento a ter sempre em conta numa viajem de aventura. Não quer isto dizer que ao planear a viagem não se deva ser rigoroso nos cálculos, antes pelo contrário. O que se impõe é que seja adoptada a estratégia correcta para fazer face a variáveis que não podemos controlar, o que sempre acontece quando se enfrenta o desconhecido. Oportunamente analisaremos este assunto com maior detalhe.
Vamos agora à questão do, aonde ir?
De uma maneira geral, parece ser bom princípio começar por conhecer bem o próprio país. Não há piroseira maior do que “cagar a posta” com as maravilhas de Punta Caña ou Benidorm e nunca ter visitado Arcos de Valdevez, o pico do Areeiro ou a Furna da Graciosa.
Na preparação da viagem, há muito trabalho de casa a realizar e no qual se deve despender pelo menos o triplo do tempo previsto para a deslocação propriamente dita. Aspectos como a natureza dos solos e a orografia, podem parecer bizantinices quando se está bem repimpado no sofá da sala a ver televisão. Mas lá, onde judas perdeu as calças, essa informação pode revelar-se de crucial importância e poupar-nos dinheiro e chatices. Clima, demografia, principais actividades económicas e religião são elementos que não devemos descurar. Vem depois a matéria relacionada com a arte e a cultura, principais figuras nascidas no pais ou região, ou que aí residiram e, naturalmente, o património histórico. Monumentos, museus, bibliotecas, praças e jardins, e até determinados edifícios públicos e privados devem merecer a nossa atenção. Não se trata evidentemente da preparação para um exame, mas de uma simples abordagem sumária que nos ajudará a compreender melhor e a sedimentar toda a informação que vamos colher in loco. Só assim a relação o custo/benefício se torna favorável e então, viajar deixa de ser uma despesa e pode ser considerada um investimento, dada a potencial mais valia para o viajante: Valoriza-lhe o currículo, alarga-lhe os horizontes, mostra-lhe outras soluções para problemas que encontra no seu país, enfim torna-o mais apto. Segundo uma perspectiva menos materialista, quero acreditar que o contacto com outros povos e outras culturas, transforma o viajante numa pessoa melhor e mais rica.
Uma vez decidido o destino, há que passar às coisas mais práticas como por exemplo, de carro, comboio, avião ou à boleia? Sozinho ou acompanhado? No verão ou no Inverno? Shorts, bermudas ou calças? Máquina fotográfica ou câmera de filamar? Com reserva de alojamento ou seja o que Deus quiser? Hotel, pousada, residencial ou casa de hóspedes? Dinheiro vivo ou de plástico? Cartão de crédito ou multibanco (débito)? Dólares ou euros? Com data pré-definida para o regresso ou depois se verá?
Viajar tem que ser antes de mais um acto de prazer e como tal, partilhado. Muitas pessoas viajam "em solitário", algumas até referem que esta forma de viajar lhes permite uma liberdade de movimentos que compensa alguns dos inconvenientes da viagem a solo. No entanto, a viagem partilhada parece apresentar atractivos irrefutáveis. Logo à partida, deve ter-se em conta que o facto de se estar a milhares de quilómetros de casa, é gerador de um certo grau de solidão para o qual nem todos estão preparados. As coisas complicam-se ainda mais à noite, com o regresso ao alojamento ou se se tem intenção de sair um pouco para tomar uma bebida. Sem a presença de um companheiro de viagem, garanto que pode ser duro! Depois há a questão do pilim, sendo certo que na viagem partilhada temos uma notável redução dos custos por cabeça. O preço do alojamento, o aluguer de carro ou barco e muitas excursões e passeios, ficam substancialmente mais em conta se repartidos. Importantíssima é também a divisão de tarefas. Uma vez chegados ao destino, não significa que terminaram os trabalhos de casa! Há que planear a próxima pernada e para isso são necessários montes de informação a colher localmente. Alguém terá que se dirigir ao bureau de turismo mais próximo que nos fornecerá os mapas e brochuras da região, assim como indicações quanto à melhor forma de chegar a determinado sítio e quanto custa, cuidados a ter relativamente à segurança, onde fica a central rodoviária ou estação de CF. Outros tratarão de saber quais as alternativas de alojamento que podemos encontrar no local, botecos, tascos e restaurantes onde se possa degustar a cozinha da região. É preciso localizar as máquinas (caixas automáticas) que permitem saques internacionais. Existem países, ou certas zonas dentro de determinado país, que apresentem maior risco para o viajante. Aí, até pode ser aconselhável dar uma saltada à nossa representação diplomática mais próxima, informando quem somos, ao que viemos e para onde vamos, já que no caso de haver um percalço, toda a ajuda não será demais. Parece não constituir qualquer exagero se, ainda antes da partida, consultarmos o site da Secretaria de Estado das Comunidades onde encontraremos informação sobre embaixadas e consulados, respectivos endereços e números de telefone. Como se pode ver pela amostra, o trabalhinho chega para todos. Para encerrar o capítulo, faço notar que a viagem não termina com o regresso a casa, ela vai permanecer na nossa memória por meses ou anos, quase tão real como no momento em que a vivenciámos. Para a tornar ainda mais viva e realçar-lhe as cores, conhecem alguma coisa melhor do que recordar as suas peripécias com a roda dos companheiros?
Num próximo post abordarei outros aspectos práticos a considerar no planeamento das viagens.
Até lá,

Juan.

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