Principal objectivo da nossa
visita ao norte da Tailândia, o Triângulo Dourado merece uma abordagem um pouco
mais elaborada dada a importância que assumiu até há poucos anos (Séc XXI) como
maior produtor mundial de ópio, troféu actualmente na posse do Afeganistão. É
uma região com cerca de 950.000 km2, quase dez vezes a superfície de Portugal
continental, situada na confluência de dois grandes rios (Ruak e Mekong),
abrangendo território (montanhoso) de 4 países: Myanmar, Vietname, Laos e
Tailândia. Na parte tailandesa, situa-se no extremo norte do país a cerca de
uma hora de distância da capital provincial, Chang Rai. Até há poucos anos
(Séc. XXI), era considerada terra sem lei, dominada pelos senhores da guerra
com seus exércitos privados, traficantes, mafiosos sem alma e aventureiros de
todo o mundo. A sua áurea cresceu e preencheu o imaginário de gerações alimentado pelo
cinema de acção. Do ponto de vista da geografia humana, o Triângulo Dourado tem
sido desde há séculos refúgio para povos oriundos da China, Tibete e Birmânia e
seus descendentes, que assim escaparam a perseguições, genocídio ou ditaduras
brutais. São comunidades transfronteiriças que aqui encontraram algum sossego e
um modo de vida baseado na cultura da papoila do ópio. Não se misturam, mantêm
as respectivas identidades linguísticas e culturais assim como as ricas e
diversificadas tradições das suas origens. Em anos recentes, trocaram o ouro do ópio pelo dos turistas e, deste modo, o seu pão nosso de cada dia está hoje muito
dependente dos proventos que aí deixam as multidões de visitantes, nacionais e
estrangeiros. Além disso, onde antes havia campos de papoilas, existem hoje
boas pastagens onde criam gado. Com a ajuda de fundos da fortuna pessoal do
próprio rei (dizem!), mais um empurrão vindo da União Europeia, reflorestaram
grandes áreas onde hoje crescem árvores cuja madeira possui elevado valor comercial e excelentes pomares de fruteiras. São conhecidos na linguagem
turística internacional por “Tribos das Montanhas” das quais visitámos algumas
comunidades.
Na localidade de Chang Saen, onde os rios Ruak e Mekong confluem, existe um velho museu dedicado ao tema do ópio. Foi este que visitámos, embora exista outro, ultra moderno, que recorre aos mais avançados meios multimédia. Fica situado cerca de 10 quilómetros a norte de Chag Saen e é uma iniciativa da Fundação Mae Fah Luang.
Entrada para o museu.
Representação fotográfica de elementos das diversas etnias que povoam o Triângulo Dourado.
Cultivo extensivo da papoila do ópio. Fotografia de cartaz existente no museu.
Representação de um campo de papoilas com flores artificiais (museu).
Aqui está o Jaime, empolgado, dando explicações acerca do que foi a vida e obra de Khun Sah, a personagem que vemos retratada no quadro (museu).*
Marcas da heroína consoante a origem da sua produção.
Estátua em cera de algum conhecido traficante que acabou atrás das grades.
Entrada para o museu.
Representação fotográfica de elementos das diversas etnias que povoam o Triângulo Dourado.
Cultivo extensivo da papoila do ópio. Fotografia de cartaz existente no museu.
Representação de um campo de papoilas com flores artificiais (museu).
Aqui está o Jaime, empolgado, dando explicações acerca do que foi a vida e obra de Khun Sah, a personagem que vemos retratada no quadro (museu).*
Marcas da heroína consoante a origem da sua produção.
Estátua em cera de algum conhecido traficante que acabou atrás das grades.
Khun Sa, foto real (Wiki).
*Quem foi este homem, Chang
Chi-fu, conhecido pelo nome de guerra de Khun Sah? Sabemos que faleceu em Rangoon capital da
Birmânia de causa desconhecida a 26 de Outubro de 2007 aos 73 anos de idade. Na
memória de uns, ficará para sempre como o herói, lutador pela liberdade de um
povo. Os livros oficiais
recordá-lo-ão no entanto como o “Rei do Ópio”, o pior dos bandidos, procurado
pelas autoridades do mundo inteiro. Foi traficante, polícia e guerrilheiro.
Rico e poderoso, comandou um exército bem armado e municiado pelos governos
legítimos da Tailândia e da Birmânia que se serviram da sua força militar para combater rebeldes e
opositores aos respectivos regimes! Escapou a emboscadas, ciladas da CIA,
conspirações. Uma vida que não caberia num filme mas é evocada no seu próprio
museu em Thoed Thai, onde colhe a reverência da população local e de muitos
visitantes. Quanto aos seus antigos soldados, dedicam-se hoje à pacífica tarefa
da colheita de folhas de chá!
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