sexta-feira, 13 de abril de 2012

85 - Jodhpur.

Para nós o dia começa sempre cedo. Às sete da manhã está o pessoal todo de pé, na vã ilusão de que iniciando o programa diário bem cedo se consegue escapar à tortura deste calor sufocante. Hoje, após o frugal pequeno almoço, torradas e café com leite ou chá, foi só colocar as bagagens no carro e “en route”. Estamos a 11 de Abril e o nosso destino será Jodhpur ou cidade de Jodha, um Marwar que por aqui estabeleceu o seu reino no Séc. XV, tendo mandado erigir um palácio fortificado que é o orgulho desta cidade. Lá iremos.
Percorridos os primeiros vinte ou trinta quilómetros e já as minhas cruzes começam a protestar devido aos solavancos. A estrada está em péssimo estado para os nossos padrões e só veículos verdadeiramente resistentes conseguem bater diariamente estes percursos sem se danificarem.

Uma movimentada vila no interior do Rajastan.

Estrada rural.
Oficina de reparação de pneus.

 Pelo caminho vamos tomando contacto com aquele que parece ser o mais importante negócio da região; a indústria da pedra. Tractores e camiões, carros puxados por bois e camelos, mulheres e homens de cesta à cabeça … tudo carregando pedra. Pedra em bruto, pedra aparelhada para construção, esteios de pedra, pedra para queimar em grandes fornos de alvenaria onde se transforma em cal. E muitas pedreiras onde miúdos e graúdos britam pedra. Parece que estamos no planeta da pedra! Através de pó e buracos vamos rolando a uma velocidade média que não ultrapassará os cinquenta Km/h. Não há sinalização visível e por diversas vezes o nosso motorista Sanjay teve de indagar junto dos transeuntes qual o melhor itinerário e nalguns casos teve que fazer marcha atrás. A paisagem não mudou em relação ao troço anterior. Para além de alguns grandes afloramentos rochosos não avistamos senão a vastidão e secura da planície. Quebrando a monotonia, grupos de mulheres nos seus belos trajes tradicionais multicolores, qual pincelada de vida nesta paisagem aparentemente estéril (nesta altura do ano), caminham ao longo da estrada. Com passo lento, como se não tivessem rumo definido, podem vir caminhando há horas. Por perto não parece haver nada que possa interessar-lhes; nem mercado, dispensário de saúde ou escola para os filhos, nem posto de trabalho. Apenas elas e o seu destino de mulheres.

À chegada ao Heritage em Jodhpur.

São 15.00. Acabamos de chegar a Joddhpur. Um percurso de um pouco menos de 200 Km que deveria ser feito em três horas demorou quase cinco. Do mal o menos, chegámos bem e no Hotel Heritage somos recebidos com simpatia. Ficámos instalados numa verdadeira relíquia. O edifício tem trezentos anos e terá sido mandado construir como hospedaria. Está na posse da mesma família desde 1902. Totalmente restaurado, dos móveis à decoração passando pela própria estrutura do edifício, tudo nele transporta o nosso imaginário para um passado onde o tempo tinha tempo e havia tempo para os artífices se poderem exprimir através da sua arte em cada parede de alcova, porta senhorial ou janela de “vidrinhos”primorosamente trabalhadas.

A entrada do hotel.

Do terraço do Heritage tínhamos uma excelente vista para o Forte de Jodhpur.

A cidade azul.
Jodhpur, também chamada cidade azul pelo facto de, sendo muçulmana uma parte importante da população, esta privilegiar a cor azul no embelezamento exterior das suas casas. É também a porta de entrada para o deserto do Thar que fica aqui ao lado. E das muralhas do seu forte avista-se a região que faz fronteira com o Paquistão. A cidade parece-se com qualquer outra das que conhecemos do norte de África, uma imensa “casbah” com ruas estreitas, labirínticas, apinhadas de gente que se desloca em todos os sentidos. E se nalguns casos os tuck-tuck conseguem circular à força de buzinadela e "chega para lá", o trânsito é um verdadeiro pandemónio. Aqui, comerciantes e artesãos executam e vendem os seus trabalhos em diversos “souqs”, onde se ouvem também os pregões dos vendedores de fruta, misturados com o chamamento do muezim que através de potentes altifalantes não se cansa de atraír as suas ovelhas para os caminhos da salvação. Jodhpur é a segunda cidade do estado do Rajastan, em população e em importância. Tem ensino superior de qualidade e nalguns trechos da cidade é visível a chegada do progresso, como não podia deixar de acontecer num país que tem um dos índices de crescimento económico mais elevados do mundo.
Terminada a visita à cidade (as fotos seguem dentro de momentos!), partiremos amanhã para Jaipur, a capital do estado do Rajastan. De lá vos enviarei, assim espero, mais notícias.

Muralhas do Forte e palácio dos Marajás de Jodhpur (Mehrangarh Fort).
Fundado no ano em que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, este forte é o segundo mais importante do país. Situa-se no topo de uma colina com 150 metros de alura de onde domina toda a cidade.

Praça em Jodhpur.
Pormenor do Forte.

Jaswant Thada também conhecido como o mini Taqj Mahal.

Umaid Bawan palace. Concluído apenas em 1944, serve de residência oficial ao actual governador (Marajá) de Jodhpur. Para rentabilizar o palácio, numa das suas alas encontra-se instalado um hotel de luxo.

juan_jovi@sapo.pt

2 comentários:

  1. Do Luís:Não imaginam o trabalho Hercúlio do autor do blog:pedir palavras passe que não funcionam,lentas velocidades de acesso,ediçao em word,tranposição para o blogue com nova edição do texto que procura que seja conciso,poético e ilustrador da realidade e finalmente o trabalho de campo e transpiração,sim o calor abunda por estas paragens,levando a um consumo de 5 lt per capita.
    até...

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    1. olá, essa vossa romaria parece,ardua,pena não estar junto,resta-me,seguirvos por este meio,agradecendoo esforço e a precistencia em narrar os acontecimentos,obrigado,beijinhos para todos,fiquem bem.

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