Chiça,
Que eu nunca vi tanta água! É por baixo, é dos lados
e, desde que cheguei há 24 horas, é também por cima. A designação de Países
Baixos tem toda a razão de ser e está de acordo com o nome oficial do país que
é Nederlands. Chamar a este país Holanda, é cometer uma gaffe, visto que
Holandas há duas, a do norte e a do sul. Estas são apenas duas das 12
províncias que compõem o reino dos Países Baixos ou Nederlands na língua deles.
Não confundir com Flandres que é uma região do norte da Bélgica cujos habitantes
são na sua maioria etnicamente “holandeses” e falam um neerlandês “especial” a
que se dá o nome de Flamengo. Eles são os flamengos perpetuamente às turras com
os valões do sul! Já BENELUX é uma designação que engloba um conjunto de três países:
BElgique + NEderlands (Holanda) + LUXembourg. Capisci?
Quanto a Amesterdão, devido ao mau tempo não tem dado para
fazer aquela exploração que considero mais produtiva, de mapa na mão e a pé.
Mas já deu para perceber algumas coisas. A primeira é mais uma pergunta do que
uma constatação: Como é que estes gajos conseguem distinguir a sua bicicleta no
meio de um “oceano” delas, ensarilhadas umas nas outras? E depois como é que
desfazem o entrançado para as poderem retirar? Bem, eu vi um profissional
que os portugas desconhecem. Comparável a um funcionário das Chaves do Areeiro,
é chamado aqui e além para cortar correntes e cadeados com a sua rebarbadora
alimentada a bateria. Segunda observação: Em Amesterdão consolidou-se a maior
salganhada étnica que existe à face da terra: Imigrantes de todo o mundo,
retornados da antigas colónias holandesas e seus descendentes, turistas
oriundos dos quatro continentes … tudo à molhada no grande caldeirão que é esta
cidade. Vamos para a terceira: A cidade não é grande, o seu núcleo
histórico-turístico- cultural percorre-se bem, a pé, numa manhã ou tarde. Se
não entrarmos em museus! Também não é particularmente bonita, prefiro classificá-la
como interessante, dado o amplo leque de “liberdades” de que os seus habitantes
e visitantes gozam. Possui as ruas comerciais que encontramos em qualquer outra
cidade da mesma importância, exibindo exactamente as mesmas marcas e produtos. Com
algumas particularidades, como seja a ligação dos seus habitantes à água e aos
canais onde ela circula: Barcos-casa, barcos-hotel, barcos-restaurante, barcos
onde se vendem flores, frutas e legumes e se calhar até existem
barcos-prostíbulo. Não esqueçamos que esta é a capital europeia da prostituição
legal, onde se passam recibos e pagam os correspondentes impostos pela
prestação de serviços sexuais. Também existe aqui o museu do sexo, bem
conhecido e muito frequentado por turistas. De resto, como noutras cidades do
velho continente, palácios, castelos e locais de culto, entre eles a Sinagoga
dos portugueses, constituem juntamente com os canais, moinhos e museus, aquilo
que de mais importante o turista pode ver e registar na maior cidade da “Holanda”
e sua capital. Haia é a sede do Governo. Finalmente, esta é mais uma daquelas
cidades nórdicas onde o custo de vida é elevadíssimo. Por exemplo, vi turistas
de bom nível abastecerem-se de comida para levarem para os hotéis. Mas até
assim levam com a choupa.
E se o cliente protesta, argumentam
despudoradamente: Isto é a Holanda … é a Holanda! E eu respondo: Vamos lá a
ver até quando … até quando!
Aqui o “Vitó” nunca foi rato de biblioteca nem traça de museu.
Jamais gastarei o meu precioso tempo metido nessas cenas apenas para depois poder
ufanar-me no círculo dos amigos, tão pouco conhecedores quanto eu: Ah … visitei
o Rembrandt … etç e tal! Hoje em dia, excelentes livros de arte, filmes,
revistas, dvd’s, documentários de TV etç, permitem-nos, no conforto das nossas casas, saber muito mais sobre a obra,
seu autor e contextos do que a informação recolhida nos escaços minutos em que
passamos os olhos por dezenas (centenas) de quadros. Não é a mesma coisa? Claro
que não, mas eu prefiro assim. Prefiro levar na cabeça um retrato da cidade, a
sua topografia, onde é que se encontra cada coisa e como é que lá se chega.
Gosto de apreender a sua alma a sua cor a sua luz, os seus cheiros, as cores e
os sabores. Os sons da sua língua, o burburinho das ruas o tilintar dos carros
eléctricos ou das campainhas das bicas. Adoro apreciar o bulício das praças
apinhadas com pessoas que fraternamente se desconhecem, o frenesim dos transportes
públicos e tudo quanto está fora de muros. Quando já estou muito cansado, como
sabe bem repousar na fresquidão dos seus parques e jardins, fazer de um banco
sala de jantar, beber água no fontenário. Gosto de levar para casa um pedacinho
de cada sítio que visitei, guardá-lo no baú das minhas memórias … para mais
tarde recordar! É disto que eu gosto quando viajo. Esta é a força, este é o
desejo que me impelem a estar sempre de partida!
Amesterdão, sim, hei-de voltar. Se não for antes, talvez
venha aqui festejar os meus oitenta. Fumar uma ganza e apreciar – através da
montra! – as belezas do bairro da luz vermelha. Até lá, ficarei feliz se
tiver oportunidade de passar muitas vezes pelo Schiphol a caminho de outras
paragens.
Seguem-se alguns Flashs da paisagem urbana de Amesterdão:
Grupos de turistas em ruas movimentadas.
Uma bonita praça.
No cartaz publicitário, parecia mesmo o prof. Josualdo !
A minha tralha no quarto do Cordial.
Cordial, o meu hotel, situado bem no centro. ficava apenas a 150 metros do palácio real
Prédios típicos de Amesterdão.
Fachada do palácio real.
Interessantíssimo museu da cera de Madame Tussaud.
Nos pontos chave este romântico meio de transporte está sempre presente.
Outra vista da Praça de Dam.
... permanentemente apinhada.
De frente, o palácio real, à direita a igreja onde se faz a investidura dos monarcas e ao fundo, o que parece um monumento religioso, é apenas um shopping de luxo.
Shoping Magna Plaza.
Escolha o seu destino ...
Ela, a actual raínha ...
e ele, o rei. Anunciam um programa de festividades grátis em curso.
As suas fotos encontram-se afixadas no templo da investidura.
Rua comercial ao fim da tarde ... num dia de chuva.
Mais uma praça.
Largo da estação centraal.
Fachada da velha estação. Por dentro é uma super-estação totalmente modernizada.
Sempre a água ...
Templo de (?)
Recanto na margem de um canal.
A "praga". São aos milhares ...
... estão por todo o lado e disputa-se qualquer pequeno espaço onde possa caber mais uma!
Só mais esta ...
Peço desculpa, mas não poderia deixar de apresentar mais esta visão infernal.
Casas palafíticas.
Biblioteca Nacional.
Num destes apartamentos viveu Anne Frank. A fila para a visita tinha cerca de 300 metros.
Aqui está a prova de que os arquitectos holandeses fumam muita erva! Este mastodonte em forma de navio é o mais moderno centro de ciência e tecnologia da Europa.
Barcos, uns atracados, outros passeando turistas.
Vista de uma das margens de um canal ...
... tão largo que parece o mar!
Uma brincadeira com baldes e água junto à porta de entrada do centro de ciência.
Veleiros.
Ambulantes compram, vendem, trocam, reparam, alugam ... bicicletas.
Barcos típicos dos canais.
Uma avenida.
A mesma avenida fotografada no sentido oposto.
Silhueta dos prédios mais altos de Amesterdão.
Comporta.
Vista panorâmica de um canal.
Os imparáveis bateaux-mouche.
Canal.
Pormenor de uma parede lateral da estação central.
Barcos.
Rua comercial.
Sempre muito povo.
Traseira do palácio real onde se vê o Atlas com o mundo às costas.
Miúdos jogam futebol num campo improvisado frente ao palácio. Faz parte das festividades da recente investidura.
Igreja "dos russos".
A casa de Anne Frank.
E a fila a aguardar a vez para a visita.
Fechada para obras. Ao lado fica o museu da Tortura.
Este já serve apenas serve de casa de banho a pombos e gaivotas.
Outra prova da venda livre de ganza: O museu do cinema.
Não sei se é mais parecido com um iate ou uma nave espacial ...
Os hangares onde se situam as plataformas da Centraal.
Sobre este tema, esta é mesmo a última!
A estação.
Lá dentro.